Zumbis e The Walking Dead
Mr.Hendrick
07 de Fevereiro de 2013
infestado por zumbis e todo o desespero pelo qual eles passam, muitas vezes mostrando do que de pior o ser humano é capaz de fazer. Claro que na época os chefes da Image Jim Valentino e Eric Stephenson não achavam essa uma idéia tão boa, já que para eles um bando de pessoas “apenas” sobrevivendo a um apocalipse zumbi não era suficiente pra agarrar uma boa parcela de leitores e com isso Kirkman teve que mentir para eles, dizendo que na verdade a sua idéia era que alienígenas seriam a causa do aparecimento dos zumbis e que haveria uma grande invasão preparada no futuro (premissa que Kirkman nunca pretendia utilizar). Só assim a HQ foi aprovada e, obviamente, após o sucesso dela toda essa história de aliens foi, felizmente, esquecida pelos chefes da Image. E assim nasceu “The Walking Dead”, que após anos de sucesso nos quadrinhos chegou aos olhos do pessoal da indústria de entretenimento audiovisual e a série em quadrinhos começou a ser adaptada como uma série televisiva. Foi o cineasta Frank Darabont, de filmes como “Um Sonho de Liberdade” e “O Nevoeiro”, o responsável em levar a premissa para as telas no canal AMC e tudo não poderia ter dado mais certo. Após duas temporadas e meia exibidas a série é um sucesso surpreendente mesmo com a constante troca de showrunners (pessoa que é a principal responsável por uma série de TV) como a saída do próprio Darabont e vem batendo recordes de audiência, aumentando a venda das HQs (que já vendiam bem) e criando um novo fenômeno televisivo. Com a história seguindo a base da HQ, mas fazendo mudanças como trazer novos personagens e adiando ou antecipando a morte de outros já presentes nos quadrinhos, a série televisiva consegue captar a essência mais importante, que nem são os zumbis em si, mas como pessoas normais encaram um mundo que nunca mais será o mesmo e tem que tomar atitudes que seriam impensáveis em outras circunstâncias.

apelo. Os vampiros têm a sua dose de sangue, mas comparados a eles os zumbis estão muito a frente, já que seus filmes são famosos pela grande quantidade de sangue e tripas expostas na tela, o que afasta completamente uma grande parcela do público que não quer ver essas “nojeiras”. É uma pena pois os bons filmes do gênero, como os do mestre George A. Romero, não são só filmes de sobrevivência em um mundo pós-apocalíptico, mas também metáforas sociais que fazem críticas que vão desde o consumismo sem limites até o conflito de classes.
Os mortos-vivos estão no cinema já há bastante tempo, desde o primeiro filme lançado com a temática em 1932, “White Zombie”, com o saudoso Bela Lugosi (e de onde a banda homônima pegou a inspiração para seu nome), passando por outros famosos no gênero como “A Morta-Viva” (I Walked with a Zombie) de 1941 e “Epidemia de Zumbis” (The Plague of the Zombies) de 1966. Mas eles mostravam um tipo de zumbi totalmente diferente dos que estamos acostumados hoje em dia, sendo criados por poções mágicas ou rituais voodoo em lugares exóticos e distantes, mais especificamente no Caribe (“A Maldição dos Mortos-Vivos” de Wes Craven é um filme de 1988 que inclusive tenta tratar esse tema com mais seriedade). Eles só vieram a ser como os conhecemos atualmente quando o já mencionado George A. Romero lançou em 1968 “A Noite dos Mortos-Vivos”. No filme eles nem eram chamados assim ainda (a palavra zumbi não é usada em nenhum momento) e Romero nem pensava neles como essas criaturas, mas foi nesse longa que vimos pela primeira vez os cadáveres putrefatos comedores de cérebro tão famosos hoje em dia. Com um orçamento minúsculo o filme fez um sucesso inesperado e recriou totalmente o subgênero. O próprio Romero fez inúmeras continuações para seu sucesso e tivemos várias outras obras lançadas depois como “Zombie” (lançado aqui como “Zumbi 2”) do cineasta italiano Lucio Fulci, “Fome Animal” do hoje conhecido pelos filmes passados na Terra Média Peter Jackson além de vários outros. Mas foi no século 21 que os zumbis realmente chegaram com tudo ao mainstream em filmes como Zumbilândia, Madrugada dos Mortos, Todo Mundo Quase Morto, Extermínio e, fora do campo cinematográfico, na Zombie Walk, que criada no começo dos anos 2000, hoje consegue levar um número surpreendente de pessoas às suas passeatas anuais em vários lugares do mundo, chegando aos milhares.
E é aí que chegamos a “The Walking Dead”. A HQ criada por Robert Kirkman e Tony Moore pela Image Comics em 2003 pegava a premissa inicial de Extermínio (uma pessoa acordando em um hospital abandonado já no meio de um mundo dominado pelos mortos-vivos) e utilizando os preceitos de Romero criou uma história que mostrava o dia a dia de um grupo de sobreviventes. Como ninguém teve uma idéia dessa antes? Mostrar a rotina de homens e mulheres em um mundo


Zumbis. Eles nunca foram um dos subgêneros do cinema de horror que caíram no gosto do público em geral. Os fãs de terror os adoram, mas eles nunca conseguiram grande sucesso comercial, como por exemplo os vampiros, que de tempos em tempos invadem o mainstream com filmes e séries que fazem sucesso não só com seu público específico, mas também junto ao espectador médio. Talvez seja a natureza gore dos filmes de mortos-vivos que os impediam de ter esse


Voltando ao mencionado no começo desse texto, talvez hoje em dia o público esteja mais acostumado ao gore, presente no seriado e bem leve se comparado ao que vemos no gibi, como o vilão da terceira temporada, o Governador, que é muito mais cruel na HQ. Mas hoje encontramos nos filmes do Tarantino e em outros como “Os Mercenários” uma violência estilizada – e com sua pequena parcela de gore – fazendo sucesso nas telas, e consequentemente o gênero zumbi e sua violência às vezes grotesca acabam não parecendo tão nojentos. O fato é que os mortos-vivos finalmente chegaram a um público maior e estão com tudo por aí, gerando até comédias românticas com eles como o recente “Meu Namorado é um Zumbi” (Warm Bodies) que vai ser lançado no Brasil dia 8 desse mês e estreou nos EUA na liderança do ranking de bilheteria. A volta da terceira temporada de “The Walking Dead”, depois da pausa do final do ano passado, está marcada para domingo dia 10 de fevereiro nos EUA e terça dia 12 do mesmo mês no Brasil pelo canal Fox. São os zumbis dominando o mundo definitivamente. Mas para o bem.
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