Venom!
Merack
29 de dezembro de 2012

Tudo começa mais precisamente em 1984 quando a Marvel Comics planejou revolucionar seus heróis com uma mega saga, As Guerras Secretas. Uma entidade chamada Beyonder promove uma batalha entre os maiores heróis e vilões, oferecendo aos vencedores como prêmio a realização de todos os seus desejos.
Durante a batalha, o amigão da vizinhança que é claro está lá, acaba por ter seu uniforme danificado. Antes mesmo que ele tenha a chance de arrumar o mesmo, o Aranha esbarra em uma máquina que libera um “liquido negro“, nesse momento seu sentido aranha tilinta mas pára subitamente quando este cai sobre seu braço. Essa máquina na realidade é uma prisão que continha o simbionte preso.
Na Terra, Peter acaba por se acostumar com a comodidade oferecida pelo novo traje, este se movimenta sozinho e consegue mudar suas roupas do dia a dia. O Senhor Fantástico já havia dito a Peter que levasse a roupa até seu laboratório para que análises pudessem ser feitas, mas Peter nunca quis. Isso muda quando ele tem um pesadelo onde as duas roupas, a original e a negra lutam por ele. A roupa negra vence o confronto e no pesadelo ela se torna algo monstruoso, Peter então finalmente vai ao encontro de Reed Richards.
Reed Richards e Johnny Storm ajudam Peter nos testes e descobrem que a roupa é um simbionte, um organismo vivo que precisa de um hospedeiro e que sua fraqueza está no fogo e no som. O Senhor Fantástico consegue tirar a roupa de Peter usando o som e prender a mesma em um módulo usando o fogo para assustá-la. Peter volta para casa livre da roupa, mas mal sabe ele que dias depois o simbionte escapa, encontra Peter e se esconde em seu armário disfarçando-se como o uniforme original do Aranha.
Peter o coloca e quando nota que o simbionte voltou, tenta desesperadamente ir de encontro a Reed Richards antes que seja tarde demais. O simbionte de alguma forma o impede e como última tentativa, Peter se joga contra a torre de uma igreja e começa a bater em um sino finalmente se separando do simbionte que cai para os andares inferiores.

Eddie Brock era um repórter do Daily Globe, que havia inventado uma história sobre a verdadeira identidade do Devorador de Pecados (Sin-Eater). Pouco depois da história ser publicada, o Aranha captura o verdadeiro vilão acabando por desmascarar a falsa história de Eddie. Essa mentira custa caro a Brock, seu emprego e sua esposa que o deixa.
Brock então começa a alimentar um ódio mortal pelo Cabeça de Teia e, quando achava que as coisas não tinham como piorar, ele recebe a notícia de que está com câncer. Eddie, como resposta à notícia, começa a se exercitar até alcançar os limites que um ser humano pode agüentar. Sem sucesso em enfrentar o câncer, Brock cogita suicido e vai até a igreja mais próxima pedir perdão pelo trágico ato que está por vir. Lá, Eddie Brock tem seu primeiro contato com o simbionte que Peter acabara de deixar para trás. Com o simbionte recuperado e sua necessidade por um hospedeiro, este vai até Brock e quando se une a ele descobre que ambos nutrem um ódio pelo Aranha. Isto foi na edição de número 299 do titulo The Amazing Spider-Man.
Depois dessa breve recapitulação, posso dizer que como fã do personagem, acho que a Marvel nunca esperou que o Venom fosse se tornar um dos maiores vilões do Aranha. Ele está na 22ª posição, no Top 100 dos maiores vilões de quadrinhos de todos os tempos pela IGN, referência em games, reviews e notícias de filmes e quadrinhos, e 33ª pela revista Empire dos 50 maiores personagens de quadrinhos.
A saga de Venom como vilão trouxe muito problemas para o Aranha. O simbionte compartilhou com Eddie Brock todos os segredos de Peter, sua amada Mary Jane, seus familiares e amigos. Mas acho que o pior de tudo estava na forma como o simbionte entendeu e anulou o sentido aranha do herói. O Homem Aranha nunca sabia quando Venom estava por perto e isso era uma tremenda vantagem para o vilão. Parker obviamente usava seu alto intelecto para derrotar Venom, que ainda por cima sempre foi mais forte que ele.

O sucesso dessa parceria Venom e Aranha contra o Carnificina foi tamanha na década de 90, que a Marvel passou a publicar mini-séries do agora anti-herói e sua pacata vida defendendo os inocentes na cidade de São Francisco. Sim, depois de inúmeros combates com o Aranha e algumas tréguas com o mesmo com o intuito de impedir que seu “filho“ Carnificina trouxesse o caos para Nova York, na mega saga Maximum Carnage, Venom achou melhor usar o simbionte para algo bom. Ele se tocou que como um vilão suas chances de sucesso eram muito limitadas.
Então em 1993 com o lançamento de Venom – Lethal Protector, para mim a melhor história solo do personagem, a Marvel lançou até 1998 várias outras histórias com suas aventuras. Lembrando que em Lethal Protector, logo de cara temos mais um team-up entre o Venom e o Aranha agora contra um grupo de cinco simbiontes. Eddie como anti-herói, julgava assaltantes, estupradores entre outros criminosos com uma única sentença, a morte.
Infelizmente para mim, a Marvel Comics pisou na bola quando colocou Eddie com um câncer terminal. Será que o simbionte não teria capacidade de curar Eddie? De qualquer forma a vida se seguiu, Eddie Brock organizou um leilão para super vilões e leiloou o simbionte para Mac Gargan, o antigo Escorpião. Este se uniu ao simbionte e logo começou a agir sob ordens de Norman Osborn.




No meu ponto de vista, Venom sempre foi o melhor vilão, depois do Duende Verde original que povoou as páginas das HQ’s do Aranha, porém devo admitir que eu o achava meio limitado. Esse lance de vingança eterna contra Peter e ir atrás de seus familiares cansou em certo ponto. Acho sinceramente que a Marvel aproveitou o sucesso dele e lançou mais um desafio, Venom e Homem-Aranha lado a lado contra outra ameaça.
Em uma de suas temporárias passagens pela prisão, Eddie dividia a cela com Cletus Kasady quando o simbionte o resgatou deixando uma pequena parte de seu ser para trás. Surge o Carnificina (Carnage). E este seria uma ameaça em comum tanto para Venom quanto para o Aranha.
Isto foi por pouco tempo, quando Gargan e seus companheiros foram derrotados pelos Vingadores, este teve uma reflexão onde pensou que não odiava o Aranha como Eddie odiava. A Gargan foi dada a chance de participar de um super grupo chamado Thunderbolts, um grupo criado para ir atrás de membros fugitivos dos Novos Vingadores. Ele apareceu nas páginas do gibi, em 20 publicações até que o governo dos E.U.A. finalmente tomou o simbionte, e o trancafiou em um laboratório.
Em 2003 a Marvel lançou o primeiro de 18 números de um novo gibi do Venom, mas agora com um simbionte clonado a partir da língua do original. Uma história parcialmente sem pé nem cabeça onde o Homem-Aranha se une ao Wolverine para ir atrás do mesmo que está matando pessoas no ártico e depois Canadá. Com seu fracasso, o gibi foi cancelado, obviamente.
A Marvel deve ter pensado que deixar Eddie por fora da história deve ter sido a maior burrice que talvez tenham cometido com ele. Então, depois de ser curado milagrosamente do câncer, Eddie foi atacado por Mac Gargan como o Venom, e o simbionte tentou se fundir a Brock agora que este estava mais uma vez saudável. A conseqüência disso, foi que partes do simbionte que ainda viviam em Eddie sofreram uma mutação e ele se tornou o Anti-Venom, um novo simbionte andava em Nova York.
O Anti-Venom se sacrificou na saga chamada Spider-Island para tentar salvar milhares de nova-iorquinos que haviam se transformado em aranhas. Eddie sumiu sem deixar rastros.
Venom agora estava na geladeira da Marvel e por lá ficou até 2011, quando a editora pensou em reformular o personagem mais uma vez. Agora o novo hospedeiro era Flash Thompson. Ele mesmo, o badboy que sempre causou com Peter na época do colégio.
A princípio pensei que seria uma porcaria de gibi, me surpreendi. Flash havia perdido as duas pernas na guerra do Iraque, mas o exército resolveu lhe dar mais uma chance de voltar à ativa usando o simbionte. Ele não poderia ficar com o simbionte por mais de 48 horas pois perderia o controle.

As coisas boas neste titulo estão na parte onde Flash perde o controle do simbionte e mata um grupo de inimigos sem piedade, outra coisa que é muito bem definida é a relação dele com Betty Brant, sua namorada que depois o deixa por achar que ele esconde algo dela, a péssima relação com seu pai que é um alcoólatra e os problemas que ele tem de enfrentar com, é claro, sua identidade secreta. A Marvel acertou a mão colocando as histórias nas mãos de Rick Remender (de X-Men, Uncanny X-Force, Punisher e Secret Avengers). Arcos bem escritos, envolventes e cheios de problemas psicológicos que deram mais credibilidade ao personagem. É um novo Venom, não uma cópia dos antigos, a não ser quando Flash perde o controle do mesmo, claro. Definitivamente um titulo que recomendo.
Só para constar que Eddie Brock recentemente voltou a cruzar o caminho do simbionte original. Ele agora era apenas um homem dotado de treinamento militar que estava caçando os simbiontes, todos eles já citados anteriormente. O último a ser morto foi o Toxina (Toxin), este era filho de Carnage e apareceu a primeira vez em uma mini-série em 2004. O desfecho desta saga, cabem a vocês procurarem saber.
Não vou mais reclamar aqui sobre mudanças de roteiristas e artistas nestes títulos considerados “Série-B“, mas tentarei sempre que possível avaliar as mudanças e repassá-las a vocês com os meus pontos de vista sobre. Claro que Rick Remender já deixou o título no número 22 e no seu lugar entrou Cullen Bunn (escritor de Avenging Spider-Man, Captain America, Deadpool e Wolverine). Aguardem novidades sobre.
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