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Top 5 Board Games Jogados em 2013

                   

 

                    Nielison

                              03 de Janeiro de 2014

Como comentei no meu artigo anterior, board games são atualmente meu vício. Mas só cheguei a conhecer este universo de jogos de tabuleiro modernos no final de 2011; em 2012 comecei a conhecer pessoas que se interessavam por esses jogos, aprendi como comprar/importar, comecei a minha coleção; e em 2013 foi quando o vício se consolidou, formei um grupo pra jogar regularmente, comecei a ler e ver muito vídeo sobre o assunto, e, agora, estou começando a trabalhar na criação de meus próprios jogos.

 

Mas, infelizmente, o acesso aos board games ainda é meio complicado aqui no Brasil: existem poucos jogos nacionais/em português, e importar é muito caro. O ideal era que este Top 5 fosse dos melhores board games de 2013, mas como tive acesso a pouquíssimos jogos produzidos neste ano, resolvi fazer um Top 5 dos melhores que joguei em 2013. Como minha carga de jogos ainda é bem pequena, alguns desses 5 jogos são também os meus preferidos.

 

Antes de seguir com a lista, alguns comentários sobre meu estilo de jogo: sou o que chamam de heavy gamer, ou seja, tendo a preferir jogos mais estratégicos, mais ‘pensantes’ (normalmente conhecidos como eurogames), então esse é basicamente o tipo de jogo que você verá nesta lista. Joguei alguns jogos mais leves, mais descontraídos (os party  ou family games) e, obviamente, também os acho muito divertidos; mas, para mim, jogar estes tipos de jogos depende muito do momento e da turma, de maneira que, nas nossas reuniões de jogo, prefiro os que necessitam de mais raciocínio lógico. Se alguém quiser minha opinião sobre os bons party/family games que joguei este ano, é só perguntar nos comentários.

 

Então, vamos lá:

 

 

Trajan, de Stefan Feld (2011; 2-4 jogadores; link no BGG)

Stefan Feld é um designer conhecido por jogos bem pesados de conquista de pontos de vitórias, sendo que as maneiras de se conseguir estes pontos são inúmeras. Trajan não foge dessa linha, e isto é uma das coisas que mais gosto nele, já que, assim, é possível conseguir a vitória seguindo variadas estratégias. Além de permitir que os jogadores disputem entre si sem, obrigatoriamente, seguir o mesmo caminho, torna a rejogabilidade bem alta, de maneira que todo novo jogo pode trazer uma nova experiência e a descoberta de uma maneira diferente de jogá-lo.

 

O jogo é ‘ambientado’ na Roma antiga, sob o reinado do imperador Trajano, onde os jogadores incorporam cidadãos poderosos tentando aumentar sua influência no império. Para isso, eles podem agir em 6 diferentes áreas, as ações: militar, senado, construção civil, comércio marítimo, fórum e a ação de Trajan, que pode trazer bônus para as outras ações. Para realizar estas ações, e é aqui que o jogo brilha, faz-se uso de uma espécie de mancala, em que os jogadores vai soltando as peças nas ‘tigelas’ desta mancala, sendo que o local onde a última peça for colocada é que determina a ação a ser realizada. Sim, parece confuso, e realmente é muito complicado explicar por palavras, mas o mecanismo todo é mais simples do que parece, apesar de ser bem ‘matemático’.

 

Apesar desta ambientação, o tema é quase inexistente no jogo (por isso as aspas lá em cima), o que pode ser um problema para algumas pessoas. O fator sorte é quase inexistente, ao mesmo tempo que exige um nível bem alto de planejamento estratégico, já que a maneira como as peças serão distribuídas na mancala influenciarão fortemente nas suas próximas jogadas. Além disso, o jogo todo é muito bem balanceado, de forma que, independentemente do caminho que os jogadores escolham, toda partida é uma disputa bastante acirrada.

 

A interação entre os oponentes é pouquíssima, mas a estratégia exigida pelo uso da mancala e a escolha dentre as várias opções de caminho deixa o jogador num grau de concentração que compensa.

 

 

Android: Netrunner, de Richard Garfield e Lukas Litzsinger (2012, 2 jogadores, link no BGG)

Para quem costuma dar uma olhada nos board games que saem lá fora, com certeza este jogo já é bastante conhecido. Ainda é um grande sucesso de venda e crítica, e por esta razão, eu torcia o nariz para ele no início, não só por preconceito bobo, mas porque já me decepcionei bastante com alguns desses ‘bestsellers’.

 

Não foi o caso com Android: Netrunner.

 

É um jogo de cartas de ‘combate’ direto entre duas pessoas, como muitos por aí, mas aqui cada jogador possuirá um baralho com jogabilidade e objetivo completamente diferentes. De um lado está uma das diversas corporações do mundo de Android, com seus planos para influenciar a massa; do outro, um ‘runner’ (algo como um hacker) que tenta entrar nos arquivos da corporação para expor os seus segredos. É incrível como cada lado joga diferente, mas ao mesmo tempo o jogo ainda fica tão balanceado.

 

O baralho dos runners é mais ofensivo, formado por cartas que representam softwares e hardwares usados para invadir com sucesso o sistema da corporação. Esta, mais voltado para a defesa (e, ainda assim, o mais divertido de se jogar), em que cada pilha do jogador (compra, descarte, etc) representa um servidor, onde serão instalados os ‘Ice’ (espécies de antivírus) para proteger os seus arquivos da invasão do runner.

 

Além de cada lado ter sua própria jogabilidade, existem diversos runners e corporações, cada um com sua estratégia, o que torna cada partida ainda mais diferente e divertida. Só conheço o ‘core set’ (o jogo base), mas ainda assim, talvez seja o melhor card game de confronto direto que eu já tenha jogado.

 

 

CO2, de Vital Lacerda (de 2012; 1-5 jogadores; link no BGG)

Em CO2 cada jogador controla uma espécie de empresa que pesquisa e constrói usinas de energia limpa, a fim de ‘salvar’ o planeta da poluição e ao mesmo tempo, claro, controla-lo. Mas, apesar deste tema tão politicamente correto, este é um jogo muito ‘malvado’.

 

CO2 tem um estilo bem euro, com muita estratégia, mas, ao contrário da maioria destes jogos, a interação entre os jogadores é enorme, de maneira que as jogadas de um irá, provavelmente, influenciar diretamente nas jogadas do outro. Aqui, os jogadores irão financiar pesquisa e instalação de projetos para fábricas de energia limpa nos continentes do mundo, mas estes projetos não pertencem ao jogador, e sim ao continente, de maneira que um outro jogador pode ‘roubar’ um projeto de instalação de uma dessas fábricas e construir sua própria usina. O grau de influência das ações realizadas por um jogador sobre outro é tanta que não adianta ficar pensando no que fazer nas futuras jogadas: um outro jogador, com certeza, irá atrapalhar seus planos. Aqui, a estratégia é tentar prever os movimentos dos adversários para se preparar e, se você for bom, usufruir deles em benefício próprio.

 

Mas, como se não bastasse o estresse que seus oponentes irão causar, existe um aspecto ‘cooperativo’ no jogo, pois, à medida que os rounds vão passando, o nível de poluição do planeta vai aumentando, de maneira que, se chegar em um determinado valor, todos os jogadores perdem a partida. Como eu disse, um jogo muito malvado.

 

Ótima opção para quem gosta de jogos estratégicos mas reclama da falta de interatividade entre os jogadores da maioria dos eurogames.

 

 

Terra Mystica, de Jens Drögemüller e Helge Ostertag (2012; 2-5 jogadores; link no BGG)

Aqui está um típico eurogame, muito matemático e acirradíssimo. Em Terra Mystica, cada jogador controla uma raça que quer ampliar seu território e aumentar seu poder; mas cada uma dessas raças possui seu tipo de terreno ‘natural’, de modo que, para poder construir suas casas, templos, etc., deve-se ‘terraformar’ o terreno para seu tipo. Estas construções irão proporcionar dinheiro, trabalhadores e poder, que serão usados para mais construções, para mais dinheiro, trabalhadores e poder, até o final de 6 rounds, quando ganha aquele que conseguiu, obviamente, mais pontos de vitória, conquistados com a expansão de seu território e pelo grau de adoração dos deuses.

 

A premissa é bem básica, mas o jogo se sobressai em dois aspectos. Primeiramente, são 14 as opções de raça para os jogadores, cada qual com duas ou mais habilidades especiais exclusivas. Ou seja, cada raça possui sua própria estratégia, todas muito bem balanceadas (apesar de algumas raças serem mais fáceis de jogar que outras) e diversas. Isso proporciona uma identidade muito legal às raças, a qual o jogador acaba abraçando, e a partida deixa de ser uma disputa entre fulano, sicrano e beltrano e se torna uma disputa entre os anões, as bruxas e os nômades, por exemplo.

Além disso, o jogo possui uma estrutura de round em que os jogadores possuem quantos turnos desejarem (os turnos são alternados), ou seja, enquanto possuir recursos, você tem coisas pra fazer. Assim, a otimização e gerenciamento dos recursos são imprescindíveis, quase que devendo se chegar à perfeição, pois, por causa da falta de um único trabalhador ou uma única moeda de ouro, você pode colocar todo seu jogo a perder. Isso torna tudo muito matemático, porque no início do jogo você já começa a planejar o que fazer e como ganhar recursos para poder usar nos rounds futuros e planejar novamente como fazer e ganhar mais e mais e mais, o máximo possível.

 

Esse aspecto matemático é o que mais me atrai no jogo, tornando-o, talvez, o meu favorito, pois o nível de estratégia e planejamento requerido acaba ficando muito alto. Isso traz algumas características que podem incomodar muitas pessoas: pode exigir muito tempo de planejamento por parte dos jogadores, tornando os turnos relativamente demorados; e qualquer erro de cálculo pode ser crucial, de modo que no fim do jogo você perceba que deveria ter feito tal jogada, em vez daquela outra, e sua vontade é só de jogar a mesa pra cima. Mas são justamente essas características que me atraem bastante, pois gosto dessa sensação de disputa acirrada, esses momentos de concentração e tensão, porque sei que, ao mínimo deslize, eu possa perder minha supremacia na Terra Mystica.

 

 

Andean Abyss, de Volko Ruhnke (2012; 1-4 jogadores; link no BGG)

Pra finalizar, um wargame!

 

Já deu pra perceber como gosto de jogos que proporcione diferentes estratégias e jogabilidades para os jogadores. Em Andean Abyss essa característica é elevado ao máximo.

 

O jogo é ambientado na Colômbia do anos 90, e cada jogador interpreta o governo, controlando sua polícia e tropas, e/ou uma das três facções – FARC, AUC e os cartéis – pelo domínio (como sempre) do país. Toda partida possui esses quatro grupos, mesmo com menos de quatro jogadores, de modo que o jogo possui um sistema em que ele próprio controla as facções não controladas por pessoas – e esse sistema funciona muito bem, sendo possível até uma partida solo (e, apesar de ser bem solitário, é muito divertida!).

 

Andean Abyss é um wargame do tipo card driven, ou seja, as cartas no jogo é que dizem quais são as ações possíveis para os jogadores (além das ações ‘básicas’), mas ao contrário dos jogos mais famosos neste estilo (leia-se Twilight Struggle), aqui a carta é global e serve para todos os jogadores. Mas a grande sacada é que cada grupo possui opções diferentes de ações (as chamadas operações e atividades especiais) e objetivos distintos, mas, como sempre, tudo muito bem balanceado. Então, por exemplo, enquanto a operação de ‘patrulha’ só existe para o governo, as FARC possui a ação de ‘sequestro’, a AUC pode ‘assassinar’ e os cartéis podem fazer ‘subornos’.

 

De todos, este foi o jogo que menos joguei, com apenas três partidas. Isto porque é um jogo muito longo e, apesar de não possuir regras tão complexas, essa variedade de ações torna a curva de aprendizagem bastante lenta. É muito comum você passar boa parte de seu turno consultando o livro de regras pra saber o que e como fazer. Ele é muito detalhado, com muitas regrinhas e pequenas exceções, o que pode tornar o jogo bem chato pra alguns. Mas estes detalhes tornam o sistema tão bem feito que o grau de recriação do tema e do ambiente de guerrilha faz com que o jogador realmente se sinta no meio daquele conflito e como se tivesse todas as opções táticas que existe na realidade.

 

É um jogo muito denso, com muita informação e que requer muitas horas para ser jogado. Isso pode trazer a frustração de raramente vê-lo em mesa. Mas, nas vezes em que conseguir jogá-lo, a experiência será bastante recompensadora.

 

 

Outras menções:

 

Se este fosse um Top 6, o outro jogo que entraria na lista seria, com certeza, o The Manhattan Project. Apesar de ser um worker placement mais tradicional e simples, ele também é bem estratégico, interessante e divertido.

 

Tiveram outros três jogos que joguei em 2013 e gostei bastante, mas não entraram nesta lista porque só tive a oportunidade de jogá-los uma única vez: Alien Frontiers, The Castles of Burgundy e Tzolk’in. Apesar de conhece-los muito pouco, são altamente recomendados.

2014

 

2013

 

2012

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