Retro Gaming - Parte 1 de 2

Retro Gaming - Parte 2 de 2

Luĉjo

13 de Março de 2014

Shooters

Quem não gosta de um bom FPS? Bom, muita gente, mas a maioria dos gamers que conheço já se divertiram em algum momento jogando algum deles, então não há porque excluí-los desta lista. Shooters em primeira pessoa têm uma desvantagem com relação aos jogos de aventura antigos, pelo fato deles serem em 3D (ou algo próximo a isso, às vezes nem próximo), significando que os mais antigos possuem gráficos bem antiquados para os dias de hoje, bem antiquados MESMO. Porém, pelo menos para mim, costumam valer pelo seu valor histórico ou nostálgico.

No mínimo vale a pena conhecer os “pais” dos shooters modernos, principalmente quem não vivenciou o tempo que eram o máximo que havia de moderno e tem curiosidade, como Wolfenstein 3D, Doom e Duke Nukem. Acho também válidos alguns jogos que vieram um pouco depois, mas que marcaram sua época, como Shadow Warrior (com seu humor politicamente incorreto), Outlaws e Jedi Knight, além de clássicos ainda mais recentes, como Half-Life 1 e 2 e o primeiro Deus EX.

Beneath a Steel Sky, um verdadeiro clássico do point-and-click

Jedi Knight: Dark Forces II, com cenas filmadas com atores reais entre capítulos e precursor dos aclamados “Jedi Outcast” e “Jedi Academy”

RPGs

Obviamente eu não poderia deixar os RPGs fora da lista, e há muitos clássicos memoráveis a serem mencionados. Os RPGs contém outro grupo enorme de jogos antigos que são apreciados até hoje, alguns mais por valor nostálgico, mas muitos pela qualidade e extensão do seu conteúdo, uma vez que muitos dos RPGs clássicos garantem dezenas e dezenas de hora de jogo, com muitas descrições e personagens únicos. Existem diversos estilos de RPG, alguns mais parecidos com o estilo estabelecido pela Nintendo com os primeiros Zelda, com sua vista por cima e visuais característicos, outros mais focados em “dungeon grinding”, ou seja, horas e horas em cavernas, catacumbas e calabouços matando monstros e juntando tesouros (soa familiar?), e outros que usavam mais texto do que gráficos, e os com vista isométrica, como Fallout.

Certamente são dignas de menção honrosa os jogos das séries Ultima (exceto o IX) e Baldur’s Gate 1 e 2, além de Fallout, Fallout 2 e Wasteland, o primeiro jogo de RPG em um mundo pós-apocalíptico (lançando seu segundo jogo em breve, quase 30 anos depois!). Obviamente não posso deixar de fora a série Elder Scrolls, que guardo num lugar muito especial do meu coração. Claro, os dois últimos títulos da série (Oblivion e Skyrim) estão longe de serem considerados ”retro games”, mas os 3 primeiros certamente podem. Embora os dois primeiros sejam de uma época na qual já haviam sido lançados clássicos de mais peso, estabeleceram a base para um dos mais incríveis mundos já criados em jogos de RPG, com literalmente centenas de livros que podem ser lidos dentro do jogo.

Wastelands, o pai do RPG pós-apocalíptico, lançado em 1988, garanto inúmeras horas de jogo com alto grau de dificuldade.

Estratégia e Simuladores

Muitos jogos excelentes de estratégia nasceram nos anos 90, e creio que boa parte dos gamers fãs do gênero já ouviram falar de um tal de Sid Meier, ou de empresas como Maxis, Bullfrog, MicroProse e Sierra. Muitos desses jogos estabeleceram estilos que são usados como referência até hoje quando são feitas análises de um jogo novo, ou mesmo pelos criadores de um novo projeto, para chamar a atenção dos gamers.

De jogos de guerra a simuladores de administração de todos os tipos de coisas, este é um dos estilos mais versáteis e variados que existe, e tenho certeza que possui títulos para agradar a todos, mesmo aqueles mais relutantes a provar dessas relíquias saborosas.

Recomendo todos os jogos do Sid Meier, como Civilization, Colonization, Transport Tycoon, Railroad Tycoon, Alpha Centauri e “Pirates!”. Jogos de estratégia militar como Jagged Alliance e Fallout Tactics ainda são considerados por muitos como alguns dos melhores jogos de estratégia já criados. Esta lista jamais estaria completa sem outras pepitas como Theme Hospital, Dungeon Keeper, Constructor, Populous, Master of Orion, além de nomes mais recentes, mas já considerados “antigos”, como Evil Genius, Zeus, Tropico, Commandos e Desperados.

Theme Hospital, o simulador de hospital mais famoso de todos os tempos. Mesmo hoje seus gráficos são atraentes e a experiência divertidíssima.

Novos jogos "velhos"

Como mencionei no começo do artigo, os jogos antigos tendem a oferecer uma experiência diferente dos jogos mais recentes. Não só pelos gráficos diferentes, mas é como se o objetivo que os criadores tinham ou o ideal da época fosse diferente. Há quem diga que eram mais desafiadores, outros que o conteúdo era mais importante, mas tudo depende do ponto de vista e do que está sendo comparado.

De qualquer forma, hoje em dia muitos jogos, principalmente de grupos menores de game designers, se baseiam na experiência trazida por esses jogos mais antigos, trazendo ainda mais variedade para os gamers do século XXI! São jogos de inúmeros estilos, mas destacam-se aqueles que buscam trazer novamente os jogos de aventura e “point-and-click” à altura dos grandes lançamentos mais modernos, com muita história e muita imersão.

Primordia, um point-and-click da nova geração, lançado no final de 2012

Onde conseguir?

A tecnologia e a modernidade não servem apenas para criar novos jogos, novos estilos de jogo ou melhores gráficos, mas também facilita o acesso à “antiguidades” valiosas como as mencionadas aqui. Muitos desses jogos podem ser baixados gratuitamente na internet em páginas especializadas em abandonware, e grande parte deles pode ser adquirida por quantias singelas através de páginas que oferecem versões desses jogos que rodam nos computadores mais modernos, e até mesmo em computadores que funcionam com Mac OSX ou Linux. Destacam-se o Steam, da Valve (criadora do Half-Life) e o GOG, este último sendo especializado apenas em jogos antigos e jogos recentes que buscam resgatar o estilo de experiência desses jogos.

Aqueles que não querem gastar muito e não se importam em usar emuladores ou programas especiais para fazer os arquivos originais desses jogos funcionarem podem acessar páginas dedicadas a abandonware, como o Abandonia.

Algumas empresas ocasionalmente oferecem downloads gratuitos de seus jogos mais antigos, como é o caso da Bethesda, que oferece os dois primeiros jogos da série Elder Scrolls de graça em sua página.

Vamos agora ver alguns dos estilos de jogos que mais se destacam nesse meio, e alguns dos nomes mais conhecidos dentre esses clássicos, imortais para alguns, velharias sem valor para outros, mas dignos de respeito imensurável e inquestionável pelo que trouxeram ao mundo dos games. Peço desculpas aos retro gamers de plantão pelos nomes ou categorias que eu não mencionar, mas preciso ser sucinto, então focarei apenas na minha área de conhecimento e em jogos para computador apenas, pelo menos por enquanto.

Aventura, mistério e point-and-click

Um dos estilos de jogos mais frequentemente encontrados em fóruns de discussão ou páginas especializadas em jogos antigos (às vezes chamados de “abandonware”, quando seus direitos de venda já venceram), são jogos de aventura e/ou investigação/mistério. Há dois motivos que consigo imaginar para esse furor (que eu mesmo compartilho) com esses jogos. Em primeiro lugar, porque esses jogos tendem a ser muito focados em conteúdo e história, criando cenários ricos em detalhe (mesmo quando por escrito apenas) e personagens memoráveis. O segundo motivo imagino ser o fato de que a década de 90 foi muito prolífica nesse gênero, ao mesmo tempo que hoje em dia são poucos os lançamentos com esse foco.

Grande parte desses títulos eram apresentados no estilo “point-and-click”, no qual o jogador interagia com o cenário com cliques em lugares específicos e designando ações para os personagens, como “andar”, “olhar”, “pegar”, “comer”, etc. Esses jogos costumam ser repletos de frases memoráveis e, em certos casos, possuem uma dublagem excelente.

Alguns dos títulos que me vêm à mente: Full Throttle, a série Monkey Island, The Day Of The Tentacle, Beneath A Steel Sky, I Have No Mouth And I Must Scream, a série Gabriel Knight e Grim Fandango. Creio que eu possa encaixar Myst nesta categoria também, embora seja praticamente um estilo por si só. No quesito diversão e experiência “gamística”, na minha humilde opinião, nenhum desses títulos deixa algo a desejar com relação a jogos de hoje em dia, deixando de lado os gráficos que por limitações tecnológicas nunca são realistas, mas costumam ter um charme característico.

GOG, um site excelente para a compra de jogos clássicos e de jogos recentes com a pegada dos antigos. Não recebo nada pela propaganda, mas adoro o serviço oferecido e acho que vale a pena divulgar!

Agora é sua vez

Esta foi apenas uma breve exposição dos meus pontos de vista com relação ao tema, e algumas sugestões de por onde começar, mas o mundo do retro gaming é absurdamente vasto e repleto de experiências “novas” que podem ser exploradas por anos e anos a fim sem sequer vislumbrar o fim da lista de jogos. Alguns serão divertidos, outros, péssimos, e outros, incríveis; garimpar também faz parte desse “hobby”!

Convido a todos que se interessaram pelo tema a provar pelo menos um título bem conhecido de cada categoria, e desejo a todos os aventureiros que forem atrás desses tesouros escondidos: divirtam-se!

The Elder Scrolls II: Daggerfall, o segundo jogo que se passa em Tamriel, um dos mundos de RPG mais ricos em detalhes, histórias e lendas.