
Para abrir meu ‘retorno’ ao site, achei oportuno envolver o atual crescimento do cenário de jogos de tabuleiro no país e resolvi falar de algum jogo recém lançado (ou que está para ser lançado) por aqui, e, depois de dar uma olhada nas novidades, acabei escolhendo o Puerto Rico. Apesar de grande número de resenhas que vem saindo sobre o jogo, Puerto Rico é um clássico absoluto, jogo preferido de muitos e um dos melhores na minha opinião, então pensei que mais uma matéria sobre ele não seria demais.

Antes de tudo, quero deixar claro que não entrei em contato com a edição nacional, da Grow, portanto não tratarei dos aspectos gráficos e da qualidade dessa versão. Mas li bastante elogios ao trabalho realizado pela editora e, se você acabar se interessando pelo Puerto Rico depois dessa resenha, pode ler uma análise bem completa, focada somente nesses aspectos, no site ‘E aí, tem jogo?’, fazendo, inclusive, uma comparação com a edição importada mais popular, da Alea.
Bem, em Puerto Rico os jogadores são donos de terra e mercadores na ilha de Puerto Rico (obviamente) na era colonial, tentando plantar e colher mercadorias para vendê-las ou exporta-las para outros países. Essas ações irão gerar dinheiro (necessário para a aquisição de construções que irão auxiliar o jogador) ou pontos de vitória (o que, obviamente, determina o vencedor ao final do jogo). Seu mecanismo principal é o role selection (seleção de papéis/funções), que, aliás, é um dos meus preferidos, pois envolve obrigatoriamente interação entre os jogadores e exige sempre uma boa dose de estratégia. Nesse mecanismo, o jogador, em seu turno, deve selecionar uma função dentre as que o jogo disponibiliza, de modo que essa função selecionada é o que irá determinar qual(is) ação(ões) os jogadores poderão realizar naquele turno.
O jogo funciona em turnos, que terão uma rodada de uma única ação por jogador (a ação será específica e diferente em cada turno). Sua jogabilidade é basicamente a seguinte: o jogador da vez (o Governador, identificado por uma ficha específica) escolhe uma dentre sete funções: Colono, Prefeito, Construtor, Mercador, Capitão, Produtor e Minerador (em tradução livre) – cada uma representada por uma ficha. O jogador pega a ficha correspondente à função, que irá definir qual a ação que cada jogador irá realizar, em ordem, sendo que a pessoa que escolheu a função, além de ser o primeiro a agir, irá ganhar um bônus naquela ação. Estas ações podem ser: adquirir uma plantação (para produzir as mercadorias para venda ou exportação), produzir (fazendo sua plantação gerar as respectivas mercadorias), comprar construções (que irão dar bônus e habilidades aos jogadores), vender ou exportar as mercadorias, adquirir escravos (necessários para fazer suas plantações produzirem e suas construções funcionarem) ou simplesmente ganhar dinheiro. Como dito, cada uma destas ações está associada a uma das sete funções.
Após todos terem realizado a ação selecionada, o jogador à esquerda do Governador, agora, escolhe uma das seis funções restantes, pegando a respectiva ficha e iniciando assim uma nova rodada de ações. O jogo segue dessa maneira até que todos os jogadores tenham selecionado sua função e realizado as ações, momento em que todas as fichas das funções selecionadas retornam à mesa e voltam a estarem disponíveis. Então, o jogador da vez passa a ficha de Governador para o da sua esquerda, iniciando-se novas rodadas de ações a partir deste, repetindo-se todo o processo.
O jogo segue até que uma das condições de fim de jogo seja atingida. Então, os jogadores irão contabilizar seus pontos de vitória (PV), que são basicamente adquiridos de três maneiras: exportando-se mercadorias durante o jogo; com as construções compradas (cada construção vale um certo número de PV); e através de PV bônus provenientes de algumas construções especiais. O jogador com o maior número de pontos de vitória é, obviamente, o vencedor.
Puerto Rico é um jogo simples, fácil de assimilar e de jogar, mas que ao mesmo tempo envolve uma boa dose de raciocínio. Apesar de ser um jogo mais estratégico, o tema é presente – as funções correspondem às respectivas ações (a ação do Construtor é a de comprar construção, por exemplo) e as construções batem com os bônus/habilidades que elas dão – o que ajuda na imersão e no entendimento de sua funcionalidade, tornando-o mais intuitivo.
A estratégia entra principalmente na escolha das funções. O jogador tem que estar atento ao jogo de seus oponentes para que possa saber qual a melhor opção a se escolher e qual o melhor momento para fazer essa escolha. Abrir mão de uma função que te beneficie talvez possa acabar te ajudando ainda mais, visto que, ao selecionar uma função, você vai acabar disponibilizando aquela mesma ação a outro jogador, que poderá se beneficiar ainda mais que você.
Consequentemente, se torna muito importante prever que função os jogadores irão escolher e, assim, conseguir a maior vantagem possível com aquela ação no momento dessa escolha.
Enfim, Puerto Rico é um jogo acessível a todos que gostam de uma boa disputa estratégica, mas sem exigir demasiado do seu raciocínio. Inteligente, divertido e atemporal, por isso mesmo se tornou um clássico eterno. Considerando os diversos elogios à edição nacional, recomendo-o fortemente!
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