Rick Troula
52 parte 1/3, Mezolith e a arte de Lauffray
24 de Junho de 2013
O objetivo aqui é falar de quadrinhos. Majoritariamente quadrinhos publicados no exterior. Neste espaço buscarei comentar títulos de quadrinhos publicados nos EUA e na Europa que possam interessar aos leitores gongnianos. Eventualmente resgatarei publicações mais antigas indicando possíveis leituras e ocasionalmente posso tocar no universo dos Mangás, mas será muito raro, pois confesso minha ignorância no tema. Além disso, sempre que possível, abordarei artbooks e livros sobre artistas no geral.
Depois desse pequeno hiato não planejado voltamos a programação normal da coluna para falar de alguns dos títulos dos Novos 52 da DC. Iniciativa lançada em setembro de 2011, os Novos 52 foi a forma da DC “renovar” sua linha de gibis trocando times criativos e em sua maioria reiniciando as histórias dos personagens e grupos. E deu certo, pelo menos do ponto de vista das vendas, impulsionando o faturamento de gibis da editora. Do ponto de vista criativo não da pra cravar o sucesso, alguns gibis de fato melhoraram, mas no geral a qualidade é duvidosa especialmente se pensarmos na arte.
Não vou conseguir falar de todos os títulos dos 52, pois acompanho apenas metade deles e hoje em dia já são bem mais do que os tais 52. E alguns eu já abordei em colunas anteriores então só vou atualizar. Mas farei um panorama geral. Segue a parte 1 de 3 sobre esse assunto abordando 5 dos novos títulos:
JUSTICE LEAGUE
O principal título do relançamento foi Justice League que como todas as outras encarnações do gibi junta os grandes personagens da editora em um super grupo. Escrito por Geoff Johns com arte da icônica dupla Jim Lee e Scott Williams, o gibi, pra mim, prometeu muito e não entregou. Pra ser bem sincero não sou um grande fã do Geoff Johns, quando li a aclamada passagem dele pelo Green Lantern achei muito fraca e óbvia, bem abaixo do que eu esperava. E de novo agora neste gibi da Liga não me impressionou. A história é bem normal e tenta capitalizar em cima de uma suposta nova abordagem ao relacionamento dos personagens, que não é nem muito nova e nem muito boa. Jim Lee não faz o seu melhor trabalho, apesar de não ser ruim. Ivan Reis assumiu a arte do gibi mais recentemente e manteve a boa arte. Mas esta longe de ser um gibi brilhante.
AQUAMAN
E já que eu cornetei o Geoff Johns acima é hora de elogiá-lo porque o que ele trouxe para este título do Aquaman foi brilhante. Apesar de me encher um pouco a idéia de fazer o personagem abordar no gibi o fato dele ter virado piada universal na internet, Johns trouxe a mitologia atlante e o passado de Aquaman para assombrá-lo. E essa presença mitológica e a ameaça das profundezas foram muito bem exploradas subindo o tom da HQ e do personagem. Ivan Reis fez um belíssimo trabalho desenhando o gibi. Bom gibi que vale conferir.
JUSTICE LEAGUE OF AMERICA
Título recém lançado este ano, Justice League of America aborda um grupo de supers a serviço do governo norte americano. É, eu sei pouquíssimo original, e não querendo pegar no pé do homem, mas é escrito por Geoff Johns. Chefiados pela renovada e magra Amanda Waller e comandada por Steve Trevor, a JLA conta com Martian Manhunter, Green Arrow, Hawkman, Green Lantern (um novo), Catwoman, Vibe, Stargirl e Katana. A idéia do gibi, defendida por Waller, é ter um grupo capaz de enfrentar a Liga caso eles saiam da linha. Os desenhos são de David Finch, de quem eu já gostei mais. Estou quase largando esse título, quase.
THE SAVAGE HAWKMAN
O já cancelado gibi do Hawkman começou muito bem escrito pelo Tony Daniel e desenhado por Philip Tan abordando a origem egípcia do personagem e uma praga de tempos passados. Começou bem, mas logo se perdeu em edições que avançavam muito pouco a história, aí o time criativo foi trocado, o nome Rob Liefeld foi ventilado e eu pulei fora. Foi cancelado no número 20.
MEZOLITH
Mezolith é uma publicação inglesa sobre a vida de um menino se transformando em homem na Inglaterra mesolítica, ou o que viria a ser a Inglaterra. A história segue Poika, o menino pré-histórico, e sua tribo em aventuras mitológicas e estranhas em um universo fantasioso, surreal e assustador. Escrito por Bem Haggarty, o famoso contador de histórias performático autor de diversos livros, e com arte de Adam Brockbank, um dos principais concept artists da indústria cinematográfica hoje, Mezolith é um gibi diferente e digno de se checar. Edição única nos moldes de uma Graphic Novel, o gibi é publicado pela editora inglesa DFC.
THE FLASH
Já falei do Flash na última coluna então não vou me alongar, só reiterar que é um dos melhores gibis dos New 52.
AXIS MUNDI
Lançado esse ano, Axis Mundi é o segundo livro sobre a arte de Matthieu Lauffray o francês que é ilustrador, pintor, quadrinista e concept artist. E ele faz tudo isso insanamente bem. Faz tempo que ele é um dos meus quadrinistas favoritos e suas pinturas/ilustrações/concepts são incrivelmente fascinantes.
E o livro não decepciona, lotado de imagens e com um design impecável vale cada centavo dos 34 Euros. São 240 páginas abordando toda a diversidade de sua produção, dos quadrinhos como Long John Silver (a ser abordado na próxima coluna), Prophet e até suas capas para Star Wars; aos concepts para 10000 BC e The Tall Man. Tem bastante texto, várias entrevistas, mas tudo em francês. Pouquíssimo material é republicado do primeiro livro sobre Lauffray e mesmo que você não entenda nada de francês vale muito só pelas imagens.
Colunas