Rick Troula
Godbomb, Western Sci Fi, Catwoman e Monster U!
26 de Setembro de 2013
O objetivo aqui é falar de quadrinhos. Majoritariamente quadrinhos publicados no exterior. Neste espaço buscarei comentar títulos de quadrinhos publicados nos EUA e na Europa que possam interessar aos leitores gongnianos. Eventualmente resgatarei publicações mais antigas indicando possíveis leituras e ocasionalmente posso tocar no universo dos Mangás, mas será muito raro, pois confesso minha ignorância no tema. Além disso, sempre que possível, abordarei artbooks e livros sobre artistas no geral.
THOR GODBOMB
Já estou ficando repetitivo, eu sei, mas não daria pra ignorar o final da saga Godbomb que seguiu a Godkiller no gibi do Thor. Especialmente porque eu disse pra você ler a série lá trás, então é meu papel informá-lo do sucesso. Pois é, o final premia quem acompanhou a história ao longo das onze edições com um desfecho épico digno de um deus e coloca Thor como o maioral entre os deuses do panteão da Marvel. E talvez de todos.
Tentando não dar nenhum spoiler monstro, a saga toda gira em torno de três Thors, ou melhor, do mesmo Thor em três momentos diferentes da vida enfrentando um serial killer de deuses. A idéia de um matador de deuses por si só é sensacional e colocá-lo contra o asgardiano deus do trovão só torna as coisas melhores. Jason Aaron escreveu uma baita saga que contou com a arte européia de Esad Ribic, que caiu como uma luva pro personagem. Eu tendo a gostar bastante das coisas que Aaron escreve, gostei muito de Scalped que ele co-criou e escreveu para a Vertigo com desenhos do ótimo R.M. Guéra e da longa estadia dele nos títulos do Wolverine, e comecei a ler o Thor esperando o melhor. E foi superior ao que eu esperava.
EAST OF WEST
East of West é um western sci fi, uma combinação de dois dos melhores gêneros que existem. Criada e escrita por Joanthan Hickman e com arte de Nick Dargotta, a história aborda os quatro cavaleiros do Apocalipse neste universo de velho oeste futurista. E é uma idéia bastante original.
A narrativa aborda a Morte, um dos quatro cavaleiros, e que no gibi é um pistoleiro em busca de vingança. Ou redenção, ainda é cedo pra saber. O que da pra saber com certeza é que existe uma grande história por trás que se desenrolará por muitas edições se as vendas permitirem. Os outros três cavaleiros surgem pouco contentes com a agenda particular da Morte e ainda existem guerras travadas pelas nações do mundo e as relações de diversos personagens com a Morte.
O gibi é lançado pela Image e acabou de atingir a sexta edição. O texto é fluído e Hickman trabalha bem a contagem dos eventos históricos que levaram da Guerra Civil a 2064 tornando a experiência interessante. Sua representação dos personagens é igualmente interessante e diferente. Morte, por exemplo, e seus dois companheiros são assustadoramente cativantes. Há uma conspiração oculta que aos poucos se revela perversa e a construção do universo da história é convidativa e promete muito mais. Há um sórdido segredo que afeta os principais personagens e que aos poucos se revela.
Ano passado a DC lançou uma nova coletânea da passagem do artista Darwyn Cooke pelo título da Catwoman. A edição encadernada, intitulada Catwoman Vol. 1: Trail of the Catwoman, traz a mini-série Seilna’s Big Score, escrita e desenhada por Cooke e Trail of Catwoman, escrita por Ed Brubaker e desenhada por Cooke e Cameron Stewart. Ambas as histórias exploram a personagem de formas distintas, mas agregando a mitologia dela interpretações interessantes e ricas.
Em Selina’s Big Score, como o nome sugere, Cooke narra um golpe arquitetado pela protagonista. Ele é um mestre da forma como eu já mencionei antes e quando tem a oportunidade de escrever e desenhar um gibi temos o melhor dos dois mundos. A história é boa e a narrativa e a arte soberbas. Cooke emprega seu storytelling genial nas mais diferentes sequências. Já em Trail of Catwoman, Ed Brubaker assume o texto e traz toda a carga de literatura de crime que ele agrega tão bem tornando a história uma investigação criminal misturada a uma história de super-herói. Slam Bradley estrela uma boa parte da história e é muito bem caracterizado pela escrita de Brubaker e pelo traço de Cooke.
Ambas as histórias são muito boas e ajudaram a redefinir a personagem nesta nova fase. Vale o TPB.
O livro do mais novo filme da Pixar é recheado de belas artes como não podia deixar de ser. E é um livro esperto, como o filme. Ele parte do princípio que você é um dos milhões que viu o primeiro filme e potencialmente viu o artbook e, portanto, não se atém muito a introduzir a história e foca logo no que interessa que são os concepts e designs do filme. Muitos e muitos designs de personagens comentados pelos artistas que trabalharam na animação ajudam a entender a produção. O livro mostra os mais diversos cenários em seus muitos estágios de desenvolvimento e explora as opções criativas na sua elaboração. Aborda também o processo de adaptação da história e dos personagens do primeiro filme para esse. E há os sempre ricos e belíssimos Color Scripts bem como storyboards e animações.
O filme é uma aula de iluminação dramática e narrativa e é possível investigar isso no livro. O design de monstros que
E a arte de Dargotta é muito rica, suas páginas cuidadosamente construídas e beneficiadas pela natureza investigativa e livre do trabalhado autoral são belíssimas e inspiradoras. O design dos personagens e cenários é muito interessante e a narrativa complementa a história tornando a leitura muito melhor. Ele já relatou em entrevistas que a criação colaborativa entre ele e Hickman fortalece o gibi e a narrativa e isso transparece nas opções criativas. E a colorização do brasileiro Frank Martin soma muito ao visual, a paleta controlada potencializa o efeito dramático significativamente.
A série não desaponta. Traz aquela elevação no volume e na violência pertinentes a temática e que é habilidosamente controlada pelo time criativo. Se ela se mostrava muito promissora no início melhora e torna a trama mais densa a cada número.
DARWYN COOKE’S CATWOMAN
é uma das coisas mais divertidas da série está amplamente ilustrado ali. Se você tem o primeiro livro esse aqui certamente o agradará. E por 40 dólares, é um bom ponto de partida para o visual do universo de Monstros. Se você tem o primeiro não preciso dizer mais nada.
A representação do deus é ótima e muito bem caracterizada, inclusive fazendo uso das três versões do personagem para expandir essa caracterização. A história contada em três eras diferentes é sólida e sustenta o interesse e o vilão é um capítulo a parte. Um assassino de deuses é um conceito forte e muito bem desenvolvido por Aaron potencializando a saga.
Essa saga demonstra como um vilão forte torna um herói melhor. E Esad Ribic e seu estilo realista e marcadamente europeu combinam perfeitamente com o universo nórdico fantasioso do gibi e sua representação de Thor é muito inspirada assim como as impactantes cenas de ação e os momentos silenciosos e assustadores da trajetória do serial killer. Ribic havia chamado minha atenção com suas primeiras capas para o Wolverine e depois para a saga House of M, e Thor é um ótimo lugar pro seu traço impulsionado inclusive pelo trabalho do colorista Ive Svorcina.
O final da história está à altura do prometido pela série, o que tende a ser raro especialmente em sagas longas como essa. Você notou a imagem aí? Ele está segurando dois martelos! O que você está esperando pra ler? Um trovão?
MONSTER’S UNIVERSITY
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