Rick Troula
52 parte 3/3, Mágico de Oz espanhol e Blizzard
14 de Agosto de 2013
O objetivo aqui é falar de quadrinhos. Majoritariamente quadrinhos publicados no exterior. Neste espaço buscarei comentar títulos de quadrinhos publicados nos EUA e na Europa que possam interessar aos leitores gongnianos. Eventualmente resgatarei publicações mais antigas indicando possíveis leituras e ocasionalmente posso tocar no universo dos Mangás, mas será muito raro, pois confesso minha ignorância no tema. Além disso, sempre que possível, abordarei artbooks e livros sobre artistas no geral.
De volta para terminar de falar de alguns dos títulos dos Novos 52 da DC. Relembrando: lançada em setembro de 2011, os Novos 52 foi a forma da DC “renovar” sua linha de gibis trocando times criativos e em sua maioria reiniciando as histórias dos personagens e grupos. As duas primeiras partes podem ser lidas aqui e aqui. Eis a última parte desse assunto:
NIGHTWING
Eu leio Nightwing desde o primeiro número, na verdade desde que ele assumiu o manto de Nightwing nas páginas dos New Teen Titans. E essa nova publicação do personagem dentro dos 52 trouxe um Nightwing mais sombrio e dividido entre suas obrigações recém assumidas com o Circo de Haley, onde ele trabalhou quando criança e onde seus pais morreram, e seu papel como vigilante. Não acho tão boa a idéia de um Nightwing mais sombrio, ele se estabeleceu bem no universo do Batman como um personagem mais leve. E isso que é bom, quando não tentam fazer dele uma versão do Batman. Batman só tem um. Até concordo que a passagem dele pelo manto do morcego não podia passar incólume, como bem trabalhou Grant Morrison na sua estada no título Detective Comics, mas há um limite. E esse novo título do Nightwing, escrito pelo Kyle Higgins e desenhado pelo Eddy Barrows aborda essa transição do personagem e o retorno ao seu papel de Nightwing. Não é brilhante do ponto de vista da história, apesar de não ser ruim, mas a arte é bonita mesmo não sendo muito dinâmica ou muito bem narrada visualmente. Vale a leitura, mesmo que você não seja tão fã do personagem como eu.
Explorando Alec Holland como Monstro do Pântano e seu papel como campeão da natureza, o gibi conta o enfrentamento da vida contra a morte, cada qual com seu representante. Bom gibi, um pouco enrolado no processo, mas bom. Apesar de extremamente irritante foi a constante troca de artistas que tentaram suprir os furos da lerdeza de Paquette. Vale a leitura, li até a recente troca de time criativo.
WONDER WOMAN
Bem interessante a proposta desse novo gibi da Mulher Maravilha. Escrito por Brian Azzarello, aclamado por seu 100 Bullets, e desenhado pelo diferente Cliff Chiang, Wonder Woman coloca a protagonista em um embate contra os deuses em prol da humanidade. Um gibi descrito como horror, e só por isso já valia a atenção, apresentou-se como um bom estudo da personagem e uma ótima interpretação do papel dela no universo DC.
ANIMAL MAN
A história do Animal Man mudou drasticamente no início da década de 1990 quando Grant Morrison redefiniu o personagem de forma magistral. Se você não leu leia, pois vale muito a pena.
Nesta nova aparição do personagem em um título próprio Buddy Backer, o Animal Man, está as voltas com a sobrevivência da sua família em meio ao ataque nefasto do Rot e a manifestação dos novos poderes de sua filha. Escrito por Jeff Lemire e esquisitamente desenhado pelo Travel Foreman, Animal Man é um gibi pra quem gosta do gênero horror/super-herói.
SWAMP THING
Outro nessa linha é o Monstro do Pântano de Scott Snyder e Yanick Paquette, retomando o personagem reinventado por Alan Moore na década de 1980. Outro que se você não leu deveria ler, até mais do que o Animal Man.
THE WONDERFUL WIZARD OF OZ de ENRIQUE FERNÁNDEZ
Ok, você sabe a historia do Mágico de Oz, já a viu em tudo que é mídia, inclusive em quadrinhos, mas esta versão conta com a arte genial do espanhol Enrique Fernández. A adaptação lançada pela editora francesa Delcourt em 2005 foi publicada em inglês pela Image Comics no ano seguinte e tem textos de David Chauvel, que são bons, mas o que destaca esse gibi é a incrível arte de Fernandez. Um misto de ilustração com design gráfico seu traço parece vetorizado, mas não é. Cuidadosa utilização de cores e iluminação dramática aliados a uma narrativa visual inteligente tornam seus quadrinhos imperdíveis. Depois de Wonderful Wizard of Oz ele lançou Les Libérateurs ainda em 2005, La Mére das Victories em 2008, L’ile Sans Sourire em 2009, Aurore em 2011 e por fim o magistral Les Contes de L`ere Du Cobra cujo primeiro volume foi lançado em 2012 e o segundo saiu esse ano. Se você tiver condições vale a pena olhar tudo isso. O mais recente projeto de Fernandez, Brigada, é fruto de um crowdfunding e mostra como sua arte só melhora com o tempo. Eu ajudei a financiar e mal posso esperar pelo resultado.
THE ART OF BLIZZARD ENTERTAINMENT
Enfim a Blizzard lançou um livro sobre a sua arte. E é um livro gigante! Com 376 páginas, capa dura e formato grande, o livro compila artes de produção das três principais franquias do estúdio: Diablo, Starcraft e World of Warcfraft. Mas o mais legal é que não para por aí trazendo também concepts de projetos descartados. Os concepts são em sua maioria de personagens, cenários, equipamentos e armas com comentários dos designers principais da Blizzard. No geral é um baita livro, em todos os sentidos. Algumas das artes do começo do estúdio não são lá tão impressionantes, mas o nível sobe logo. O livro não tem só material inédito, muitas artes já apareceram nos diversos livros de arte das edições do WOW ou nas compilações do Diablo e Starcraft, mas há material novo e interessante que vale os 50 dólares cobrados na Amazon por ele. Só cuidado com o preço do frete, dependendo de onde você estiver pode ser um chute no pâncreas.
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