Rick Troula


O objetivo aqui é falar de quadrinhos. Majoritariamente quadrinhos publicados no exterior. Neste espaço buscarei comentar títulos de quadrinhos publicados nos EUA e na Europa que possam interessar aos leitores gongnianos. Eventualmente resgatarei publicações mais antigas indicando possíveis leituras e ocasionalmente posso tocar no universo dos Mangás, mas será muito raro, pois confesso minha ignorância no tema. Além disso, sempre que possível, abordarei artbooks e livros sobre artistas no geral.
O início com flechas, morcegos e semideuses
03 de Janeiro de 2013

HAWKEYE
Pra começar quero chamar atenção para o novo título do Hawkeye lançado pela Marvel neste finado ano de 2012. Escrito por Matt Fraction e com arte de David Aja a HQ rapidamente caiu nas graças dos leitores e críticos. O gibi foca a vida de Clint Barton quando ele não está integrando os Vingadores. Mais ou menos como seria a vida de um super herói quando ele não está a serviço. No caso de Hawkeye, ele pode estar à paisana, mas ainda é um herói.
A HQ é obviamente fruto da atenção recente que o personagem despertou por sua parte no filme do super grupo de heróis, Hawkeye está em evidência pra todos os lados no universo Marvel, de lider dos Secret Avengers, a participante ativo do conflito entre os Vingadores e os X-Men e visitante especial de diversos gibis de outros super heróis como Capitão América e Homem Aranha. Mas faltava voltar a ter um título próprio, coisa que não ocorria desde 2004.
Em Hawkeye, Fraction e Aja tratam de explorar o lado desencanado e informal do personagem enquanto ele enfrenta mafiosos e criminosos e lida com o crime urbano no Brooklyn, Nova York. A maior parte das histórias é fechada em cada edição, a narrativa é ágil e os diálogos inteligentes. As histórias são bem mais mundanas do que a média dos gibis de super heróis e soam diferente de tudo que tem saído por aí. E a arte é sensacional. O espanhol David Aja faz o seu trabalho mais interessante desde que eu acompanho seu desenho. Ele já havia trabalhado com Fraction na ótima série The Immortal Iron Fist, e seu traço já era muito bom. E foi se refinando nos títulos esporádicos que ele fez para Secret Avengers e Wolverine: Debt of Death.
Sua linguagem remonta aos traços limpos e sombras sólidas de Alex Toth, mas dialoga muito com o que Alex Maleev e Michael Lark vêm fazendo há um tempo. O desenho e a arte final de Aja para Hawkeye são precisos e econômicos, como também é a narrativa que ele emprega nas paginas, tornando a leitura dinâmica e ágil como é o texto. E as cores de Matt Hollingsworth ajudam a criar a atmosfera de história clássica destacando o gibi dos super heróis, mas sem afastá-lo completamente do gênero.
Com a sétima edição sendo lançada Hawkeye é um baita gibi. Mesmo pra quem, como eu, não é grande fã do personagem.

BATMAN
Outro gibi que eu tenho esperado ansiosamente todo o mês é o Batman da dupla Scott Snyder e Greg Capullo. Já no numero 15, a HQ foi pouco afetada pelo mega relançamento que DC fez com os novos 52.
Snyder já estava escrevendo as histórias do morcego em Detective Comics e assumiu o título principal do personagem ganhando a companhia do lendário Greg Capullo. E já na primeira saga a dupla mostrou a que veio explorando uma antiga ordem existente em Gotham que ressurge para fazer frente ao protagonista. The Court of Owls (A Corte das Corujas) ocupou boa parte do título e trouxe uma grande história estabelecendo um novo e interessante inimigo para o morcego. Mas a mais recente história promete ultrapassar as corujas. Death In the Family traz o retorno do Coringa mais insano do que nunca e mirando a família Batman. Só vimos o começo da história até agora, mas promete abalar as estruturas do universo do morcego.
Scott Snyder é um dois mais aclamados escritores dos quadrinhos hoje e a bola da vez da DC. Tendo escrito a ótima The Black Mirror ainda em Detective Comics, ele já foi escalado pela editora para um dos mais esperados gibis de 2013: Superman com desenhos de Jim Lee. Greg Capullo, depois de fazer fama como desenhista do Spawn por muitos anos, sumiu do mapa dos quadrinhos só retornando ao mercado em outubro de 2009 no título Haunt para Image. Eu sou fã do Capullo desde a época dele desenhando X-Force e principalmente Spawn, e seu traço sombrio e detalhista bem como seu cuidado narrativo e inventivos layouts de página caíram como uma luva no Batman.
SIEGFRIED
E para terminar, foco no mercado europeu de quadrinhos ao qual temos pouco acesso aqui no Brasil se compararmos com o mercado americano e japonês, mas que não obstante é riquíssimo e tomado por artistas incríveis.
Siegfried é uma HQ francesa baseada na ópera de Wagner, O Anel de Nibelungo. Contada em três álbuns a saga épica do jovem filho de um mortal e uma Valkiria é fruto do trabalho mais recente do quadrinista francês Alex Alice, já publicado por aqui em Terceiro Testamento. A adaptação é boa e a arte é belíssima beneficiada pela qualidade dos álbuns europeus, Alice ganhou o prêmio Spectrum pela capa do terceiro volume. O ritmo narrativo e a divisão de eventos por edição é cuidadosa e contribui para a experiência de leitura. O design dos personagens é moderno e a colorização dramática. Um trailer animado foi lançado prenunciando um longa baseado no gibi. Este já foi definido como um teaser do próprio gibi, mas os fãs aguardam ansiosamente a tal animação.
A primeira parte da história foi recentemente publicada pela Archaia no mercado americano, mas todos os volumes estão disponíveis publicados pela editora francesa Dargaud. Se puder corra atrás da edição de luxo, os extras não decepcionam.

A saga das corujas, como já pode ser vista nos títulos do morcego publicados por aqui, adiciona um sinistro capítulo à conturbada história do Batman. E o novo ataque do Coringa indica que tem mais sofrimento por vir.


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