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                         Rick Troula

SAGA

Nesta época do ano é comum que os sites especializados façam suas listas de melhores do ano que acabou e o meio quadrinístico não é diferente. Os melhores de 2012 já pipocaram por todos os sites que se prezam e enumeraram diversos títulos entre seus preferidos. Alguns veículos de comunicação vão mais longe indagando profissionais de quadrinhos sobre títulos seus preferidos o que é sempre interessante de ver. Devo confessar que sempre espero por esta época, não tanto pra saber os vencedores e os mais escolhidos, mas porque sempre descubro coisas que passaram despercebidas e acabo elaborando uma lista de títulos para fuçar. Invariavelmente também alguns dos preferidos acabam por bater com os meus o e este ano não foi diferente. De tudo que eu li, dois títulos estiveram na maioria das listas: Hawkeye e Saga. Falei do primeiro na última coluna e dedicarei parte desta ao segundo. 

Saga é um gibi de ficção científica publicado pela Image que acompanha dois soldados de exércitos e raças opostas que tem uma filha e atraem a ira dos mais diversos personagens na galáxia. Escrito pelo cultuado Brian K. Vaughan, autor de Y: The Last Man e Ex-Machina, e com arte de Fiona Staples, a HQ traz a dinâmica familiar de um jovem casal alienígena de forma inventiva, inteligente e extremante criativa. A diversidade de tipos de personagens, a bizarrice dos seres encontrados e a inventividade dos diálogos tornam a leitura fácil e prazerosa. A historia é criativa e original e traz um Vaughan mais interessante até do que ele era em Y, que já

era uma serie bem diferente. Fiona Staples desenha personagens expressivos e carismáticos tornando verossímil todo tipo de bizarrice criada por Vaughan. A colorização é belíssima e a tipografia e letrerização muito original. O próprio gibi é muito bem editorado com design impecável e uma coluna de cartas das mais divertidas assinada pelo próprio autor. A última, aliás, trouxe uma amostra do processo quase 100% digital de Staples.

Confesso que quando peguei o gibi não sabia o que esperar. Eu sou bem destemido quando se trata de novos gibis, já descobri muita coisa boa dessa forma como também já li muita merda. Mas a “ousadia” se paga pelos acertos e Saga foi uma grata surpresa. Eu conhecia os criadores, sabia sobre o que era e ainda assim não sabia muito o que esperar. Ainda bem.

UNCANNY X-FORCE

Alguém na IDW, editora do mercado norte americano de quadrinhos, teve uma idéia de gênio: podíamos lançar um gibi de algum grande quadrinista no formato em que ele foi feito imprimindo as páginas direto do original. Brilhante! E foi isso que eles fizeram com a série Artit’s Edition, selecionando um grande artista de quadrinhos e publicando alguns de seus gibis em uma edição única no formato em que eles foram desenhados, ou seja, quase um A3. É uma publicação grande para qualquer estante e que ostenta uma qualidade gráfica incrível em edições de capa dura. As páginas são redigitalizadas, tratadas e geralmente, quando possível, acompanhadas pelo próprio artista. O apelo da publicação é a chance de inspecionar de muito perto o trabalho de um grande mestre dos quadrinhos na forma como ele foi concebido. É quase como comprar uma arte original desse artista. Quase. O tamanho avantajado do gibi permite visualizar os menores detalhes do desenho e arte final de um mestre.

A série já publicou páginas do Thor de Walter Simonson, do Homem Aranha do Gil Kane, do Rocketeer de Dave Stevens e recentemente dedicou uma edição a saga Born Again do Demolidor (A Queda de Murdock no Brasil) desenhada por David Mazzucchelli. E é sobre ele que eu quero falar.

 

Um casal de alienígenas, mutantes assassinos, um mito e artbooks!

18 de Janeiro de 2013

O objetivo aqui é falar de quadrinhos. Majoritariamente quadrinhos publicados no exterior. Neste espaço buscarei comentar títulos de quadrinhos publicados nos EUA e na Europa que possam interessar aos leitores gongnianos. Eventualmente resgatarei publicações mais antigas indicando possíveis leituras e ocasionalmente posso tocar no universo dos Mangás, mas será muito raro, pois confesso minha ignorância no tema. Além disso, sempre que possível, abordarei artbooks e livros sobre artistas no geral.

Saiu recentemente a última edição do Uncanny X-Force capitaneado por Rick Remender. Você pode estar se perguntando: porque esse desgraçado está me indicando um gibi que já acabou? Bem, primeiro porque é muito bom, segundo porque obviamente você pode adquirir os TPBs (edição encadernada) e desfrutá-lo da mesma forma, e terceiro porque o objetivo aqui é indicar boas leituras, independente de sua vigência. Especialmente porque o mercado norte americano não sofre da extinção de seus títulos. Nas editoras maiores os gibis não costumam sair de catálogo como ocorre muito por aqui.

 

Uncanny X-Force narra a saga do grupo Black Ops dos X-Men em missões pra lá de obscuras e violentas. Assassinato, invasão e rapto não seriam palavras facilmente associadas aos X-Men, mas formam o dicionário base do grupo liderado por Wolverine a mando de Cyclops. Isso mesmo, o líder dos X-Men achou por bem criar um grupo que fizesse na surdina o que ele não poderia fazer abertamente. Isso tudo naquela época da extinção dos mutantes pela magia da Scarlet Witch. E ninguém melhor do que o canadense nanico para liderar o bando composto em sua formação original por Psylocke, Archangel, Deadpool e Fantomex fazendo da diversidade na formação e no modus operandi uma de suas marcas registradas. E Remender, escritor de toda a saga, foi muito habilidoso ao lidar com todos eles e com os que vieram depois.

É importante esclarecer que esse título teve diversas encarnações, começando lá atrás na década de 1990 com o porqueira do Rob Liefeld. E passou por diversas formações e aplicações até chegar nesse grupo de Black Ops que eu mencionei, e que no início, quando ainda era escrito por Craig Kyle e Christopher Yost já era bom, mas ficou muito melhor quando Remender assumiu o texto e Jerome Openã passou a desenhar. A dupla iniciou os trabalhos com a Dark Angel Saga, uma história visceral sobre a continuidade do reinado de Apocalipse por seu mais mortal cavaleiro. História com h maísculo! A arte de Openã é pesada e violenta e combina perfeitamente com o gibi trazendo a sensação de ficção científica dark que tem tudo a ver com a temática. Dean White coloriu a primeira saga e fez um trabalho muito competente dando uma assinatura para o gibi mantida por quem veio depois. Semelhante ao que Matt Howllingsworth tem feito em Hawkeye. Esqueci de mencioná-lo na última coluna, injustiça corrigida aqui, pois o que ele tem feito com o roxo em Hawkeye é trabalho de gênio.

Diversos artistas passaram por Uncanny X-Men nesta sua encarnação mais moderna, até os brasileiros Rafael Albuquerque e Greg Tocchini, mas foi Phil Noto que pegou o bastão e o levou pela última e derradeira história culminado no número 35. Difícil de igualar o primeiro ano do gibi com a já citada Dark Angel Saga, mas o último ano trouxe a ótima Final Execution e fechou muito bem o que pra mim é uma das dez melhores passagens de um escritor pelos mutantes.

DAVID MAZZUCCHELLI'S DAREDEVIL: BORN AGAIN ARTIST'S EDITION

David Mazzucchelli tem uma carreira peculiar nos quadrinhos. Ele ficou famoso desenhando gibis de super heróis na década de 1980 e depois abandonou o universo mainstream dos quadrinhos para se meter em publicações autorais no mercado indie até retornar com o aclamado Asterios Polyp. Confesso que Mazzucchelli é um dos meus artistas favoritos se não o meu artista favorito de todos os tempos e ele participou de dois dos melhores gibis que eu já li, Batman Year One (Batman Ano Um) e Daredevil Born Again (Demolidor A Queda de Murdock), ambos em parceria com Frank Miller. Batman Year One é o meu gibi favorito do meu personagem favorito, mas isso é assunto pra outra coluna. Voltemos ao Demolidor e a edição de artista.

Ver a maestria de Mazzucchelli vale cada centavo dos 125 dólares pago pela edição. As páginas são originais, no sentido de ser possível ver marcas de fita adesiva, anotações e cortes nas folhas. A publicação é obviamente visual, mas é impossível não se pegar lendo de novo a história que é uma demonstração da proposta hard boiled crime noir de Miller para os quadrinhos de super herói. É interessante demais ver a quantidade de recursos que Mazzucchelli dispõe para solucionar os diversos desafios impostos pela história e como sua arte muda do começo pro final da saga. Há uma interessante análise com mais exemplos visuais no site da Comics Journal.

David Mazzucchelli’s Artist Edition é um valioso objeto de estudo até pra quem não desenha nada. E a série da IDW promete novos lançamentos apetitosos para esse ano como a edição sobre Mark Schulz e sua Xenozoic Tales.

THE ART OF RISE OF THE GUARDIANS

E pra terminar, estréia nesta coluna a seção sobre artbooks. Tentarei trazer diferentes artbooks de artistas, filmes, animações e jogos para discutir aqui. Se houver algum que lhe venha à mente e que você queira saber mais mencione nos comentários que eu tentarei abordá-lo. 

Não sei você, mas o meu  artbook ideal tem uma tonelada de imagens variando entre concepts, ilustrações e behind the scenes, poucos textos cheios de informações e um belo design contando com uma ou outra surpresa gráfica. E The Art of Rise of The Guardians tem tudo isso.

Eu não vi a animação, então essa não é uma crítica ou elogio a ela, mas sim ao artbook que é belíssimo. Lotado de ilustrações e concepts dos mais variados artistas o livro apresenta os personagens e cenários de forma inteligente e  focando na diversidade de interpretações

que levou a equipe criativa ao design final da animação. É particularmente interessante ver esse caminho que os levou a desenvolver os personagens que, a meu ver, tem um design bastante original para um conceito tão batido. Especialmente o coelho da Páscoa, que é bem mais badass aqui do que eu me lembrava da época que eu ganhava ovos de chocolate. Ricamente ilustrado e com um design inteligente o livro ainda conta com uma amostragem do processo de produção de uma animação desse nível em um engenhoso infográfico impresso em um pôster desdobrável.

O livro tem 156 páginas e ostenta uma bela capa dura com a arte da sobrecapa de um dos artistas mais interessantes da produção, Perry Maple. Vale fácil os 40 dólares.

2014

 

2013

 

2012

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