Livro mais bem vendido no Reino Unido em 2012, o primeiro romance adulto da autora da saga de Harry Potter, J.K.Rowling, está dividindo a opinião da crítica.
Editado pela Nova Fronteira e com cerca de 500 páginas, o livro aborda questões como a dependência de drogas, prostituição, adoção, frustrações, desejos, anseios, adolescência, relacionamentos, aprendizado, crescimento, muita moralidade e a religião Sikh, que a autora precisou estudar para escrever.
Segundo a própria autora, “as questões que abordo são relevantes em qualquer lugar: os conflitos familiares e conjugais, as tensões entre pais e filhos, o conflito ideológico entre a ênfase na autonomia e o apoio proporcionado pelas administrações”, e definiu seu livro como uma “tragédia cômica” com “um humor bastante negro”, declarações feitas a James Runcie, autor do documentário que a BBC produziu sobre a escritora e foram fornecidas à Agência Efe pela Editora Salamandra, que publica a autora na América Latina.
Em um evento em Nova York a autora comentou com um pouco de suspense, “quero que quando as pessoas comprarem este livro, elas entendam porque, antes da cena final, estes personagens tomam as decisões que tomam. Tenho um tipo de obsessão com a morte. Este livro mostra a mortalidade de diferentes pontos de vista. Mas não quero fazer ninguém chorar com ele”, concluiu.
Morte Súbita
Marcus Martins
30 de julho de 2013


Vamos ao que interessa: a narrativa tem início com a morte súbita de Barry Fairbrother, um exemplo de pai, marido, amigo e cidadão. Sua morte deixa vago um cargo de conselheiro distrital em uma pequena cidade no interior da Inglaterra. A morte e a vaga se transformam num ponto de discussão e interesse geral dos habitantes da cidade. Alguns irão disputar a vaga e todos são atingidos de uma forma ou de outra, no seu dia-a-dia e no seu pensar e agir pela imagem que sempre se construiu do falecido.
Devo confessar que a autora não cumpriu com seu desejo, chorei como criança ao final do livro, independente das críticas ou não, eu apreciei a leitura, apesar de ser confuso no início, diversos personagens sendo apresentados sem pausa pra respirar, só fui realmente me encontrar com os personagens no meio do livro. Mas, após as primeiras 100, 150 páginas, a leitura fica mais fácil de compreender, de saber quem é quem. Daí em diante fica mais claro quem são esses personagens, seus desejos e frustrações, jeitos e trejeitos.
Apesar da leitura pesada, definitivamente não recomendado para o mesmo público infantil de Harry Potter e, na minha opinião, com cuidado para adolescentes. Rowling apresenta um ser humano demasiado frio, egoísta, ingênuo, traumatizado, problemático, enfim, um ser humano que pode ser definido como aquele que não faz ou não chega nem perto de ser quem se imaginou ser durante seu crescimento. Pessoas infelizes com seus trabalhos, com seus relacionamentos, com sua vida e incapazes de se abrir e se expressar. E a morte de Barry Fairbrother, faz com que a tudo aquilo que era suprimido interiormente exploda levando à tona essa realidade humana demasiada triste.
No final das contas achei o livro bom, serviu para lembrar o fato de em que tipo de sociedade vivemos e com que tipo de seres humanos estamos lidando todos os dias ou, até mesmo, somos ou nos tornaremos, a lastimável percepção de que muitos estão adormecidos em suas mentes, fechados em seus casulos que são suas vidas, e somente despertam quando alguma tragédia de proporções consideráveis acontece, assim, por alguns momentos, fazendo uma pausa para refletir sobre sua vida e sonhos. Colocando na balança o que realmente importa para si.
Recomendo à todos, se sobreviverem as primeiras 150 páginas, o livro realmente é bacana.

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