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Introdução ao EO (Parte 2/2)

                   

 

                    Luĉjo

                              07 de Agosto de 2013

Por que estudar Esperanto?

 

Quem tem boca vai a… qualquer lugar

 

Um dos maiores motivos que levam pessoas, especialmente jovens, a aprender Esperanto, são as vantagens para quem gosta de viajar. Pois é, e você achou que pra viajar você precisava dominar o idioma local ou o inglês (se é que as pessoas saberão inglês decentemente onde você for; quem já foi ao Japão aprende rapidinho que o mundo não fala inglês bem, quando fala). De fato, há poucos Esperantistas em dado país em relação aos que sabem inglês, e menos ainda do que os que falam a língua nativa. Porém, há uma grande diferença: imersão. Com inglês você pode se virar, descobrir onde é o banheiro, como voltar pro hotel e fazer compras. Se a pessoa quer tirar dinheiro de você, ela provavelmente vai saber algum inglês.

 

Porém, quantas conversas profundas e bacanas você vai ter em inglês ao viajar? Se você falar bem, ainda terá que fazer amizade com um nativo que fale bem também. Aí começam as frustrações, as palavras certas não vem a cabeça, um não entende o que o outro fala. Logo, a conversa se torna uma comunicação primitiva, onde a informação trocada não passa de “Meu nome é X, venho de Y, gosto muito do seu país” e variações em torno disso.

 

Claro, você pode dominar a língua local. Porém, quantas pessoas podem se dar ao luxo de estudar a língua de cada país visitado a ponto de se sentir confortável para sair conversando? E digamos que você se vire bem, ainda estará em desvantagem com relação ao nativo, e sentirá vergonha de falar de algo mais complexo e errar, ou então nem tentará por preguiça do esforço que vai exigir ficar explicando cada palavra que não sabe dizer.

 

Qual a solução? Que tal um idioma que, em poucos meses, você domina o bastante para conversar? Que em 1 ano pode ser completamente fluente? E ainda pode conversar de qualquer assunto, de igual para igual, estando na China, Rússia, Indonésia, México, Alemanha, onde quiser?

 

Para completar, Esperantistas são, por natureza, curiosos e respeitosos com relação à culturas diferentes e idiomas diferentes. Experimente entrar em contato com a associação Esperantista local e avisar que está indo visitar o país e gostaria de uma ajuda, Conheço gente que fez isso e foi recebido com festa no aeroporto, e que teve uma experiência de viagem muito mais profunda e marcante graças ao Esperanto. Esperantistas vão te ensinar sobre a cultura, te ensinar o idioma (se quiser), te levar para comer onde os nativos realmente comem, levar para conhecer a família deles, tudo graças à esse idioma “inútil”, como pensado por alguns desinformados. 

Se isso não basta, há ainda o famoso “Serviço de Passaporte” (Pasporta Servo). Nada mais é que um site onde Esperantistas do mundo todo se cadastram para dizer que estão dispostos a receber outros Esperantistas em casa para pernoitar, sem custo algum ou, no máximo, alguma participação na alimentação. Em outras palavras, viajar sem pagar hotel! Há diversos relatos de pessoas que fizeram mochilão por toda a Europa com poucos recursos graças a esse serviço. Qual o requisito para participar? Saber Esperanto, mais nada.

Não é motivo o bastante? Então tem mais.

 

 

Quem fala também lê… e escreve

 

Assim como toda língua construída, o Esperanto precisou passar por uns testes antes de ser publicado. E que testes precisam ser feitos com uma língua para ver se ela funciona, além da conversa? Bom, temos que saber se ela serve para todos os tipos de comunicação, inclusive escrita e artística.

 

Zamenhof fez os ajustes finais em sua “Língua Internacional” fazendo traduções de livros, contos, poemas clássicos, textos religiosos, e afins. Se é possível fazer uma boa tradução de um poema com uma língua construída, já dá para saber que é boa coisa.

 

Com a popularização do Esperanto, muito quiseram colocá-lo na prática, e escrever diversas coisas com ele. Muitos traduziram textos de seus países de origem. O Esperanto permitiu que textos que eram (e ainda são) desconhecidos para boa parte do mundo, por serem escritos em algum idioma pouco estudado globalmente (como chinês, sérvio, basco, húngaro, japonês…), fossem disponibilizados instantaneamente para o mundo todo de uma vez. Melhor ainda, quem fez as traduções normalmente era nativo da língua original do texto, fazendo uma tradução muito mais precisa e confiável.

 

Quantos livros excelentes nunca ouvimos nem falar porque não há tradutores daquele idioma no Brasil? Dependemos que países que falem inglês, espanhol, francês entre outras línguas “maiores” decidam por nós o que vale a pena, para que então algum tradutor brasileiro faça uma tradução “de segundo grau”, perdendo muita coisa nesse processo de dupla tradução. Livros em Esperanto são muitos e muitos e, em geral, baratos. Já comprei livros de 500 páginas por 10 reais.

 

Claro, a tradução é uma forma excelente de disponibilizar a cultura de uma nação para o resto do mundo. Além disso, há também muitos textos falando do Esperanto em si. Sua história, dicas, livros didáticos, etc. Mas não para por aí.

 

Há aqueles que viram no Esperanto uma chance de serem realmente livres em suas expressões. Muita gente não se sente 100% à vontade de escrever pra valer em seu próprio idioma (algum brasileiro se voluntaria?), ou por dificuldades em escrever realmente bem, ou porque se sente preso nas regras e proibições. Há quem se sinta intimidado e vê sua criatividade enjaulada nesses casos. No Esperanto, não há exceções e você tem infinitas formas e variações possíveis para passar sua mensagem. Quer passar uma ideia específica e não sabe como? Invente a palavra. Como todos conhecem os “blocos de montar”, todos te entenderão. Com isso, nasceu a literatura original em Esperanto.

Ao longo dessas muitas décadas, diversos poetas e romancistas, cronistas, jornalistas e afins se aventuraram a publicar também em ou exclusivamente em Esperanto. Alguns se destacaram muito, como o poeta escocês William Auld, que foi nomeado três vezes para receber o prêmio Nobel de literatura pela sua obra em Esperanto. Auld era também um exímio tradutor e deixou uma vasta quantidade de livros traduzidos em Esperanto, de Shakespeare à trilogia completa de “O Senhor dos Anéis”, trilogia que possuo com muito orgulho. Recentemente, o poeta islandês Baldur Ragnarsson também foi nomeado duas vezes. Há livros de todo tipo: romances, contos, poemas, livros humorísticos, livros eróticos, livros de receitas, biografias, relatos históricos, etc etc etc.

 

Mas talvez você não queira viajar, nem conhecer pessoas novas, nem ler nada, nem escrever coisa nenhuma (pessoa chata você, hein?). Será que há alguma vantagem para você em aprender Esperanto mesmo assim?

 

Cada vez mais fácil: o efeito propedêutico

 

Existe um fator muito bacana relacionado ao estudo do Esperanto. Ele é chamado de “efeito propedêutico”.

 

Você já deve saber que, quanto mais línguas aprende, mais rápido aprende as próximas. Isso porque você se expõe a novas regras, novas estruturas, novos sons. Assim, quando estuda outro idioma, já conhece muitas possibilidades, e as similaridades entre idiomas facilitam.

 

Esperanto, sendo um idioma, funciona assim também, mas o efeito é turbinado, com direito a açaí com banana e uma lata de energético pra ajudar a descer. Por quê? Simples, por causa da clareza e simplicidade das construções.

 

Pense da seguinte forma: quando você está na escola, aprende matemática, física e química, não? Porém, se você for fazer faculdade de qualquer uma dessas coisas, verá que não é bem daquele jeito que funcionava. O que você aprende no colégio é uma versão mais simplificada dos fatos. Porém, por você ter estudado no colégio, você formou uma base, que facilitará que você entenda o que verá na faculdade.

 

O problema é que não temos um equivalente para línguas. Toda língua que você aprende, é como ela é de fato, com todas suas exceções e complicações. Você aprende uma nova estrutura, mas passa anos brigando com ela pois sempre descobre um caso de “nesse caso não é assim”. Na verdade, TEMOS um equivalente para línguas: Esperanto. Cada estrutura que você aprende está aprendida, não há exceções. Você agora pode aplicá-la a todas as palavras e termos que já sabe e que vai ainda aprender. Isso, aliado à estrutura clara, torna o funcionamento da língua muito transparente. Tem dificuldade de entender o que é um advérbio, um verbo transitivo, um objeto direto? Em Esperanto tudo é claro e você rapidamente absorverá o que é cada coisa, facilitando e MUITO seu aprendizado futuro.

 

Pra colocar a cereja (de verdade, não aquela porcaria que é feita com mamão cristalizado) em cima do bolo, há o fato do Esperanto ser aprendido numa velocidade até 5 vezes maior que uma língua nacional. Ou seja, o benefício é tão forte, eficaz e rápido, que justifica o aprendizado do Esperanto até para quem NUNCA pretende usá-lo. Vamos a exemplos concretos.

 

Dois estudos (que eu saiba, podem haver mais) foram efetuados ao longo das últimas décadas a respeito desse efeito do Esperanto. Em ambos os casos, foram comparados dois grupos. Um que estudava Esperanto até ficar fluente e, depois, estudava a língua desejada até ficar fluente. O outro grupo partia direto para estudar a língua que desejava. Em um estudo a língua era o francês, e em outro era o sueco. Adivinhe o resultado.

 

O grupo que estudou Esperanto antes conseguiu dominar o idioma desejado em MENOS tempo do que os que estudaram o idioma direto. Isso CONTANDO com o tempo gasto no Esperanto! Ou seja, no tempo que levaria para você estudar a língua que mais quer, você pode aprender DUAS, e ainda ter um tempo extra pra comer o resto do bolo.

 

 

Ergo...

 

Então, depois de tudo que você leu, acho possível tentarmos responder novamente a questão: vale a pena estudar Esperanto?

 

Seja você um idealista em busca da compreensão mundial, um aventureiro, um apaixonado por cultura, um ávido leitor, um amante de música ou apenas alguém que quer estudar outros idiomas além do seu próprio, há uma vantagem para você ao aprender Esperanto. E, já que vai aprender, por que não aproveitar TODOS estes benefícios, não é mesmo?

 

Meus caros, sei que muitos, se não todos vocês, devem ainda ter muitas dúvidas sobre o assunto. Querem saber se é assim mesmo, ou ainda tem um pé atrás por algum motivo, ou só querem saber por onde começam. As dúvidas serão resolvidas no próximo texto, onde abordarei questões como:

  • Mas já temos o inglês e é fabuloso!

  • O Esperanto soa artificial. Eu sei porque eu ouvi.

  • Como ele pode ser neutro se é baseado em línguas europeias?

  • Esperantistas são fanáticos e alienados.

  • Se é tão bom assim, porque ainda é falado por tão poucos?

  • … e muito mais!

 

Mas, para aqueles que só querem saber que fila que tem que pegar para começar JÁ a aprender e estar usando a tempo do próximo texto, aqui vão uns links para começar:

Primeiro faça o Kurso de Esperanto, que te ensina toda a base em 12 lições, com áudio e tudo mais e explicações em português: www.kurso.com.br

 

Depois registre-se no Lernu, portal onde há mais lições, fóruns, chat, materiais e links para aprender mais ainda: www.lernu.net

 

Ao longo do seu aprendizado, você provavelmente precisará de um dicionário para tirar dúvidas, então aqui vai um: http://vortaro.brazilo.org/vtf/

 

Eu tenho muitos, mas MUITOS outros links ótimos para passar para vocês, mas vou passando aos poucos de acordo com o avanço dos textos, pode ser?

 

Se você chegou até aqui, por favor, não esqueça de deixar seu comentário sobre o que achou desta introdução e o que gostaria que fosse abordado em textos futuros. 

 

Até a próxima, ou “Ĝis revido!” 

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