Esperanto FAQ (Parte 1/2)
Luĉjo
05 de Outubro de 2013

Esperanto: Perguntas Frequentes
Depois de um considerável hiato nas publicações devido a meu trabalho que estava tomando todo meu tempo, volto aqui com minha prometida série de respostas à perguntas (e comentários) frequentes relacionadas ao Esperanto.
Reuni aqui uma lista das mais frequentes (e pertinentes) perguntas que já me fizeram, que vi fazerem pela internet, ou que eu fiz a mim mesmo ao longo do meu processo de estudo.
Espero que, com esta lista, já seja possível sanar boa parte das dúvidas, mas fico à disposição caso tenham algo mais para perguntar.
Enfim, vamos à elas:
1. Mas já não temos o inglês como língua internacional?
Esta é sem dúvida alguma a pergunta mais frequente que qualquer Esperantista ouve. Ela é a primeira coisa que nos perguntam quando divulgamos o idioma, e é certamente um tema recorrente em fóruns de discussão. É uma questão que deve ser muito bem explicada, então me darei o luxo de me demorar um pouco mais aqui. Para respondê-la, precisamos primeiro estabelecer o que seria uma “língua internacional”, caso contrário a discussão fica aberta a infinitas reinterpretações do enunciado.
Uma língua internacional, para mim e para os fins desta resposta, é um idioma que pode ser usada pelo mundo inteiro, independente do país e da língua nativa do falante; um idioma acessível de todas as maneiras (facilidade no aprendizado, custos acessíveis, etc.); e cuja “simplicidade” não entre no caminho da expressão humana, ou seja, não pode ser incompleta e deve permitir que as sutilezas da natureza humana sejam expressadas.
Resolvido isso, façamos uma breve análise comparativa entre o Esperanto e a língua inglesa, a começar pelo quesito “usado pelo mundo inteiro”. O inglês é de fato a segunda língua mais estudada no mundo. Isso tem um porquê. Devido à inúmeras razões histórias não pertinentes nesta discussão, a cultura inglesa (britânica e estadunidense em particular) possui uma influência enorme no mundo todo, com especial peso no mundo ocidental. Isso fez com que falar inglês como segunda língua se tornasse importante. Importante para negociar com esses países e, futuramente, entre países, afinal eles tiveram que aprender inglês para negociar com os seus falantes nativos, para que estudar a língua de cada outro país se já tinham essa em comum? Fora isso, a cultura estadunidense e britânica é extremamente presente no mundo todo, chegando ao ponto que somos praticamente obrigados a ter contato com ela: música, filmes, moda, livros, redes de restaurante, informática, etc. Aqueles que não aprendem só porque são obrigados devido ao emprego, podem acabar fazendo-o por interesse em entender aquela música, para ler um livro na sua edição original, e por aí vai.
Isso não é nada diferente da situação com a língua Francesa, que serviu esse propósito antes do inglês, nem do latim, bem antes disso. É preciso entender a diferença entre uma língua imposta, e uma língua “optada”, e o que isso acarreta.
Em primeiro lugar, há a questão de que ninguém gosta de ser obrigado a nada. Muitos países tem “birra” de britânicos ou outros falantes nativos de inglês. Em geral, essa “birra” é resultante de questões políticas entre os países em questão, às vezes de muitos anos atrás.
Aprender um idioma que você não quer falar dificulta muitíssimo o processo, enquanto aprender por prazer acelera-o consideravelmente. A dificuldade do idioma é também um fator importante. Dificuldade, porém, é extremamente subjetiva. Dificuldade para aprender um idioma depende de: a língua nativa do estudante, o acesso à falantes nativos/fluentes do idioma, o acesso à material de aprendizado, e questões pessoais (algumas pessoas tem mais facilidade que outras). Já ouvi muitas vezes pessoas falando que “inglês é fácil”, principalmente quando se fazia uma comparação com o português. Isso porque as pessoas esquecem que a dificuldade do português para nós vem do ensino ruim, dos materiais mal escritos e da discrepância enorme entre a gramática da língua culta e da coloquial.
Eu, particularmente, não tive dificuldades em aprender inglês. Falo, ouço, leio e escrevo em inglês com total independência e fluência há uns bons anos, e conheço muitos que também possuem esse nível de domínio. Aí começa a confusão: não confundamos uma certa facilidade em aprender com “a língua ser fácil”; também não confundamos a facilidade de uns como algo válido para todos. Aprender inglês - no Brasil, por exemplo - é mais fácil do que em outros países. Primeiro por que nosso idioma, o português, possui uma enorme quantidade de fonemas, o que facilita o aprendizado de muitas línguas. Segundo que a cultura em inglês é muito presente aqui, logo vivemos imersos nela. Filmes e seriados, jogos eletrônicos, músicas, é inglês o tempo todo. Qualquer estudante sério de idiomas concordará que imersão é um dos grandes fatores que levam um estudante à fluência.
Depois vem a questão crucial: “Quantas pessoas falam inglês?”. Do jeito que ouvimos que “inglês é a língua do mundo” ou o clássico “você precisa aprender inglês, TODO o mundo fala inglês”, fica difícil de imaginar que seja mentira. Dizer que a frase “todo mundo fala inglês” é um exagero não é o bastante, é uma generalização inacreditável. Se você for atrás dos dados a respeito do número de falantes de inglês no mundo, terá uma surpresa: somando todos os falantes do idioma (incluindo os nativos) não chega a 20% da população mundial. Isso quer dizer que pelo menos 80% de TODAS as pessoas do mundo não conseguem se comunicar decentemente, ou de forma alguma em inglês.
Bom, há quem responda isso dizendo que o mundo é gigantesco, com um monte de países mais pobres ou cidades longe das capitais, onde o inglês “não faz falta”, mas que isso não muda que você pode se virar muito bem nas capitais só com o inglês. Há dois problemas com essa afirmação. O primeiro é que é no mínimo ridículo excluir uma porcentagem enorme da população mundial do direito de se comunicar com o mundo, só porque eles não são o centro da economia de cada país. Segundo que é um erro grande achar que você realmente se vira “muito bem” em inglês em qualquer lugar. Viaje ao Japão ou China, para ter uma ideia. Há, claro, muita gente que estudou o idioma, mas você apenas encontrará bons falantes em estabelecimentos comerciais internacionais (e olhe lá). Japoneses, chineses, entre muitos outros, possuem uma dificuldade enorme em aprender inglês, pois ele é mais complicado do que parece.
O inglês possui uma variedade imensa de sons, e o sistema de escrita é uma ZONA, para ser suave. A quantidade de formas de representar um som em inglês é enorme, e o número de exceções é gigantesco. Se você fala inglês bem, pense na diferença do som entre as palavras: though, thought, taught, through, trough, tough. Se não souber inglês, coloque no Google Tradutor e peça para ele pronunciar as palavras. Fora construções bizarras de letras como a palavra “strength” (força), que só possui uma vogal e só possui uma sílaba. Isso considerando que a pessoa sequer consiga emitir esses sons. O “th” do inglês possui dois sons possíveis, sendo que nenhum deles é “F” ou “D”, mas vai explicar isso para boa parte dos estudantes brasileiros, que falam “fink” ao invés de “think” (pensar) , “dét” ao invés de “that” (aquilo). E quanto a pronunciar corretamente a diferença entre “ear” (orelha) e “year” (ano), ou “death” (morte) e “deaf” (surdo), ou mesmo “word” (palavra) e “world” (mundo)?
As pessoas gastam anos e quantidades enormes em dinheiro para estudar inglês. Não importa se você aprendeu na escola, se fez curso separado, se fez intercâmbio. Se você é realmente fluente, foram anos de prática. Eu mesmo comecei a aprender formalmente aos 11 anos de idade, mas já estava imerso no mundo desde pequeno, sempre tive facilidade com línguas, possuo certificado de proficiência, fiz pós-graduação em tradução de inglês e uso o idioma todos os dias da minha vida desde a adolescência; mesmo assim, um nativo certamente reconhecerá que eu sou estrangeiro pela forma que escrevo ou falo.
Claro, há sempre aquele que fala “eu nunca fiz curso de inglês e aprendi tudo jogando video game”. Me mostre uma pessoa dessas que não cometa erros graves de gramática ou que tenha passado num teste de proficiência de alto nível, que passarei a acreditar.
Vejamos agora o Esperanto. Tudo, claro depende da sua dedicação, da sua vontade e da velocidade do seu aprendizado. Porém, considerando que falamos português, que veio do latim, assim como Esperanto, posso dar números um pouco mais válidos. Em 2 semanas você saberá toda a gramática, como conjugar qualquer verbo, todas as preposições, enfim, saberá a gramática toda da língua, mesmo que esqueça alguns detalhes. Saberá também um vocabulário inicial bem decente. Com essas duas semanas, você já pode conversar com pessoas com alguma independência (e o auxílio de um dicionário). Com um mês você pode aprofundar bastante em aspectos intermediários da gramática, como usar certos recursos para criar significados diferentes, e aumentar seu vocabulário consideravelmente. Em 6 meses, você já é um usuário avançado e consegue ler livros, revistas, conversar com pessoas, etc. Em 1 ano, tendo praticado com alguma frequência e tendo levado seus estudos a sério principalmente no começo, você será completamente FLUENTE.
E o custo disso? A princípio, nada. Boa parte dos melhores cursos e materiais de consulta são disponibilizados gratuitamente na internet. Você aprende, faz lições, tira dúvidas com pessoas, lê textos, assiste vídeos, conversa no skype, acessa os melhores dicionários e gramáticas 100% de graça. Se você quiser, poderá comprar livros, discos de música, etc., em geral por preços mais do que aceitáveis.
O que isso tudo quer dizer? Isso quer dizer que enquanto milhões de pessoas investem bilhões de dólares anuais em ensino e aprendizado de inglês, por anos e anos, para grande maioria dessas pessoas não conseguirem sequer conversar tranquilamente com outras, poderiam gastar NADA e conversar em Esperanto, até mesmo fazer negócios, em pouquíssimo tempo.
Considerando que Esperanto não é a língua de nenhum país que te “obriga” a falar a língua dele (enquanto os nativos podem gastar seu dinheiro em coisas mais importantes, como estudar mais), não há o risco de “birra” entre países. Todo mundo fica de igual para igual, todos podendo se comunicar em uma língua internacional comum e mantendo sua língua nativa. Isso alias contribui para a preservação de línguas minoritárias que sofrem risco de extinção. Pode parecer sensacionalismo, mas a dificuldade que é para certos países aprenderem inglês faz com que a língua nativa se torne obsoleta em certos ramos. Já ouvi dizer que na Suécia os livros de medicina e os termos mais modernos são todos em inglês, sendo que um médico que fale só sueco não consegue exercer propriamente sua função, e aos poucos a língua nativa vai sumindo naquela área. Na Holanda já ouve um movimento, muitos anos atrás, para simplesmente “desencanar” do holandês e falar só inglês, já que boa parte da população falava bem. Felizmente, isso não aconteceu. A perda de um idioma necessariamente tende a causar a perda da cultura e identidade de um povo, o que é um tesouro que deveríamos preservar eternamente!
O gráfico abaixo foi retirado de um site sobre globalização e apresenta dados ainda mais dramáticos, com menos de 9% de falantes e inglês no mundo, incluindo nativos e não-nativos.
fonte: http://msdn.microsoft.com/en-us/goglobal/dd218459.aspx
2. Entendi, mas eu já falo inglês bem, então não há porque perder tempo com Esperanto.
Já ouvi (e li) essa várias vezes também. Muita gente (especialmente no mundo nerd) já se vira muito bem em inglês (às vezes até em uma terceira ou quarta língua). Em geral, essas pessoas preferem aprender outro idioma nacional do que aprender Esperanto por achar que vai ser uma “perda de tempo”. Enfim, quem leu a minha introdução ao Esperanto deve se lembrar que esse assunto foi abordado, mas não custa reiterar.
O Esperanto não existe para substituir o estudo dos idiomas nacionais, muito pelo contrário. O Esperanto foi criado para servir como uma ferramenta em comum para todos os países, o que de forma alguma exclui que uns aprendam o idioma dos outros! A ideia é deixar todos em uma situação similar. Vamos a exemplos concretos: uma empresa pode muito bem ter funcionários que falam fluentemente a língua de um cliente importante, por respeito, por exemplo. Porém, no caso de negociações, o Esperanto ajuda no fato de que ninguém tem a “superioridade” de falar em sua língua nativa, enquanto o outro se arrasta tentando passar sua mensagem nela.
O que acontece muito, porém, é que empresas (estou usando o tema de negócios, mas poderia ser qualquer coisa) de países que não falam inglês, usam inglês para negociar com outros países que não falam inglês. Isso é péssimo, pois você tem dois lados da conversa que não possuem domínio daquele idioma, um lutando para entender o que o outro quer dizer. Se é para usar uma língua que não é de nenhum dos lados, por que não usar um idioma muito mais fácil de dominar?
3. Como ele pode ser neutro se é baseado em línguas europeias?
Neutralidade tem mais a ver com política do que vocabulário, ou seja, a neutralidade se dá porque o idioma falado não pertence a nenhuma nação. Nenhum país adotou (nem adotará) o Esperanto como sua língua nacional única. Logo, o meio no qual o Esperanto é falado é um terreno neutro, um terreno internacional, onde todos podem ser do jeito que são, encarar o idioma do jeito que preferem, etc.
A questão do vocabulário é extremamente frequente em discussões a respeito do Esperanto, e um dos maiores argumentos usados por aqueles que são contra seu uso (sabe-se lá por que, afinal não faz mal a ninguém). Zamenhof, o criador do Esperanto, precisou tomar diversas decisões durante seu processo de criação. Uma das decisões foi que seria uma língua “a posteriori”, ou seja, baseada em línguas que já existem (como já explicado no meu texto anterior). Em seguida, Zamenhof precisava escolher quais línguas que ele usaria para criar seu vocabulário. Considerando que ele era um Europeu do século 19, ele preferiu criar o idioma em cima das línguas que conhecia e tinha maior contato. Foi uma decisão prática, mais do que nada. Ele baseou a estrutura da língua, porém, em certos aspectos de línguas orientais, que dão o caráter único e a liberdade do Esperanto.
O problema de criticar o vocabulário do Esperanto é o foco da crítica. Ao analisar uma língua auxiliar internacional, o que deve ser avaliado não são as palavras em si, mas o quão bem o idioma funciona. Em outras palavras, não importa de onde vieram os sons e as palavras, o que importa é se o idioma funciona ou não para o seu objetivo principal. Inúmeras pessoas ao longo da história tentaram criar línguas auxiliares. Mesmo depois do Esperanto, e até mesmo Esperantistas. Hoje em dia isso também é frequente. A pessoa aprende Esperanto, e logo começa a pensar “ah, eu faria diferente aqui” ou “seria muito melhor se fosse de tal jeito”. Algumas das línguas auxiliares existentes hoje (como Lojban) foram criados por Esperantistas (em sua maioria) que queriam uma língua que fosse “melhor”. Lojban, por exemplo, buscou palavras de diversas etnias do mundo, muito mais que o Esperanto, e misturou as palavras e sons no computador para criar as palavras do idioma. A ideia de se basear em mais idiomas é nobre, mas não adianta absolutamente nada. Se você ler um texto em Lojban, sendo de onde for do mundo, quase não reconhecerá nenhuma palavra do texto.
Ou seja, algumas pessoas esquecem o objetivo do Esperanto: funcionar como segundo idioma mundial, para o bem da comunicação livre entre todos os povos e preservação da identidade de cada cultura e idioma. Primeiro precisamos ver ele funciona. Bom, 130 anos de história e a evolução de uma cultura internacional original são mais o que o bastante para provar que funciona. Sabendo isso, o resto importa pouco, o objetivo não é todo mundo amar o Esperanto e achar que é a melhor língua do mundo, é usá-lo como a ferramenta que é. Alguns gostam mais do que outros, mas o mesmo não acontece com o inglês? Conheci já tantas pessoas que detestam o inglês, e sofrem para aprendê-lo porque são “obrigados”. Se você não gosta do Esperanto (do som, das palavras, o que for), e ele se tornar o que busca ser, o “sofrimento” dessas pessoas também será muito menor! Aquele que não gostar do idioma por alguma razão ainda assim aprenderá com imensa facilidade e poderá participar ativamente da comunidade internacional ao invés de gastar fortunas e perder anos valiosos estudando um idioma que, detestando, jamais dominará.
4. Não é injusto fazer com que os orientais dominem um idioma baseado em palavras europeias?
Assim como na pergunta anterior, esta é uma questão que não faz o menor sentido, se você parar para pensar um pouquinho só que seja. Pense bem, não é exatamente isso que acontece hoje? Os orientais são, supostamente, “obrigados” a aprender o inglês para se comunicar com o ocidente. Quem tem contato com japoneses nativos, por exemplo, sabe da dificuldade imensa que eles têm para aprender inglês. Quem vê os japoneses, que adoram o ocidente e usam uma infinidade de termos em inglês (“japonesados”) o tempo todo, pensa que lá “todo mundo sabe inglês”. Ledo engano, você pode ir para a grande capital de Tóquio só falando inglês e passará complicações para se comunicar. Mesmo os que falam inglês, falam com um sotaque muito forte, e é raro encontrar um falante fluente. Claro, não quer dizer que você vai se perder para sempre ou morrer de fome, mas vão rolar umas conversas peculiares com muita mímica e repetição. Conversas livres sobre diversos assuntos, esqueça.
Isso se aplica para boa parte do oriente. As línguas todas são muito distintas do inglês, e das línguas ocidentais no geral. Mas não é só isso, há também o fato de que as línguas no oriente são bem distintas umas das outras. Um coreano não consegue conversar com um japonês, nem um chinês consegue conversar com um indiano. Algumas línguas possuem pequenas semelhanças, principalmente as tonais (como chinês e tailandês), mas certamente não o bastante para permitir conversação. E a escrita? Nem mesmo o japonês, que usa caracteres chineses, é mutualmente inteligível com o chinês, salvo alguns casos, mas um chinês não “sai lendo” japonês, nem vice-versa. Mas ainda temos coreano, árabe, lao, vietnamita, línguas da indonésia…
Em outras palavras, não há como você criar um idioma com elementos orientais de forma que realmente facilite. Se você agregar palavras vindas do japonês, um chinês não ganha nada. Se você colocar do chinês, o japonês não ganha nada, e o árabe não ganhou nada com nenhum dos dois casos. Caso um idioma auxiliar fosse conter elementos o bastante de cada um desses idiomas de forma que uma quantidade “justa” de termos fosse fácil de aprender para cada uma, esse idioma se tornaria uma salada mista bagunçada, dificílima de aprender para todo mundo, incluindo os orientais.
Querendo ou não, palavras ocidentais permeiam o oriente hoje, de forma com que certas coisas já são sim reconhecidas por muita gente, mesmo os que não falam inglês. Há outra vantagem: o vocabulário “europeu” do Esperanto, aliado ao efeito propedêutico (quem não sabe o que é, leia o meu artigo de introdução ao Esperanto), faz com que o Esperanto seja uma porta de entrada ao mundo de línguas ocidentais para um oriental. Como a língua é simples e regular, um oriental aprende Esperanto muito mais rápido do que aprenderia outra língua ocidental nacional (se é que aprenderia), fazendo com que aprender uma próxima língua ocidental se torne possível e muito mais fácil.
“Mas isso é injusto pois o inverso não é verdade”, você pode me dizer, querendo dizer que o Esperanto não é uma porta de entrada às línguas orientais. Será? No sentido da escrita e das palavras, de fato não é, mas como já foi discutido, isso não é um problema, pois é inviável acrescentar esse vocabulário, logo o objetivo não seria esse. Porém, no sentido de estrutura, sim, é uma porta de entrada, e falo por experiência própria. Estudo japonês há 3 anos, antes mesmo de aprender Esperanto, e meu conhecimento de Esperanto agora me ajuda a compreender certas coisas na gramática que antes não faziam sentido para mim. Além disso, a natureza estrutural de “blocos de montar” do Esperanto é baseada em línguas orientais como chinês, japonês e turco. A palavra “avião” em Esperanto é “aviadilo” que é uma palavra composta que significa “instrumento de voar”. Em japonês a palavra é “飛行機” (hi-kou-ki), que é composta por 3 elementos, “voar”, “ir” e “máquina”, ou seja, uma “máquina que vai voando”. O domínio do Esperanto ajuda imensamente a você se acostumar com esse tipo de construção.
Por último, ao contrário do que muitos pensam, o Esperanto tem comunidades muito fortes no oriente, principalmente no Japão, na China, no Irã e Vietnã. Os nativos desses países tem sim maior dificuldade de aprender Esperanto do que nós, Brasileiros, mas ainda sim eles acham muito mais acessível do que o inglês. Se você acha que estou exagerando ou mentindo, leia os depoimentos sobre o assunto neste site (em inglês):

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